Os jardins de Marcelo Novaes
Foram as orquídeas que levaram Marcelo Novaes a escolher o paisagismo como profissão. Essas flores o levaram inclusive a conhecer e trabalhar em parceria com a maior lenda do paisagismo brasileiro, Roberto Burle Marx (1909-1994). A história de amor entre Novaes e as orquídeas existe há tempos e começou ainda com seu pai, Edgar, dono de […]


Projeto do paisagista Marcelo Novaes em que se chega à sauna (cápsula de vidro à esquerda) por baixo d´água da piscina (Fotos: Divulgação)
Foram as orquídeas que levaram Marcelo Novaes a escolher o paisagismo como profissão. Essas flores o levaram inclusive a conhecer e trabalhar em parceria com a maior lenda do paisagismo brasileiro, Roberto Burle Marx (1909-1994). A história de amor entre Novaes e as orquídeas existe há tempos e começou ainda com seu pai, Edgar, dono de um viveiro de produção de mudas. A família morava e trabalhava em Campinas, no interior paulista, e foi ali que Novaes foi tomando gosto pelo trabalho no jardim. Tornou-se responsável pela elaboração e execução dos projetos de paisagismo do viveiro durante mais de vinte anos. Formou-se em arquitetura e urbanismo na PUC Campinas e a partir disso seguiu voo solo, com suas próprias empresas de paisagismo.
No ano passado, ele lançou a versão em inglês de seu livro “Os jardins de Marcelo Novaes”, de 2009. Rebatizada de “Garden Landscapes”, a obra visa fisgar o público estrangeiro e está à venda no site da Amazon por US$ 60,16 (veja aqui). A publicação acaba de ganhar também uma versão asiática: está chegando à China com textos em mandarim, numa parceria com a editora Lioaning Sicence and Technology Publishing House (LST) (US$ 69,60).
Ao seguir este caminho rumo à projeção internacional, Novaes trilha os mesmos passos do mestre Burle Marx como um dos únicos paisagistas brasileiros a publicar no exterior. Abaixo, ele conta ao blog um pouco mais sobre alguns dos projetos apresentados no livro e relembra seu contato com o renomado paisagista carioca.
Projeto Rolls Royce
Este projeto foi desenvolvido para um jovem empresário cujo hobby era colecionar carros antigos e obras de arte. Era preciso suprir duas necessidades: criar um abrigo para os carros e um espaço que funcionasse como salão de festas para receber os amigos, já que a área era interligado à residência com entradas independentes. O jardim foi pensado para dar encantamento, valorizando a presença das obras de arte e dos carros antigos. Para isso, utilizei plantas esculturais e exóticas que se integram com a arquitetura local, atendendo a uma exigência do cliente, que gosta e entende muito de plantas e queria um jardim bem diferente. Propus que uma das esculturas fosse estrategicamente instalada em um espelho d´água revestido de pastilhas verdes e com linhas retilíneas para não ofuscar a charmosa gordinha, da artista plástica Eliana Kertész.
Projeto piscina com passagem submersa para a sauna
A ideia era oferecer acesso da sauna diretamente para a piscina e possibilitar que de dentro da sauna se contemplasse o jardim. A concepção nasceu da intenção do proprietário da residência, um jovem empresário da área de entretenimento e, na época, solteiro, de receber os amigos. O jardim teve uma função muito importante, pois era a extensão da área social, interligando o espaço gourmet, a varanda e o solarium. Ao mesmo tempo, cada área poderia funcionar de forma independente.
Projeto loja nos Jardins
Trata-se de uma loja com itens de casa e presentes, que estava localizada na Rua Barão de Capanema. A proprietária queria surpreender os clientes com um belo jardim tropical. O espaço servia de convite para que o clientes conhecessem os diversos ambientes, criando um ar aconchegante. O espelho d´água integra a loja as outras dependência e ao um charmoso café sob o deck. Sem dúvida nenhuma o paisagismo valoriza os empreendimentos. Um ponto comercial com um jardim bem projetado passa a ser mais atrativo e harmonioso. Com certeza é uma tendência forte o paisagismo nas áreas comerciais, ele cativa muito mais o cliente e torna os ambientes aconchegantes, cada vez mais os itens de paisagismo são solicitados pelos clientes como espelhos d´águas, fontes, pergolados, jardins verticais, vasos, etc. e é por isso que cada vez mais vemos esses atrativos nos espaços comerciais.
O que ficou de Burle Marx
O Burle Marx era uma grande pessoa, realmente um mestre, e eu me sinto privilegiado por tê-lo conhecido. Como Campinas é um grande centro de paisagismo, nos tínhamos aqui na cidade um integrante das expedições de Burle Marx: Hermes Moreira De Souza. Foi ele quem me apresentou ao paisagista. Eu estive várias vezes com ele e levava pessoalmente algumas espécies de orquídeas e plantas raras de que Burle Marx não dispunha. Também trazia muitas plantas raras dele para vender, havia esse intercâmbio. Uma vez, quando levei algumas plantas, fui convidado a passar a Páscoa com ele. Haveria uma festa, ele adorava fazer almoços no sítio de Guaratiba. Naquela semana, ele estava acompanhado de alguns repórteres ingleses, que iriam fazer uma reportagem sobre ele. Durante uns dez dias dias nos juntávamos eu, ele, algumas amigas e esse três repórteres para visitar os grandes jardins de sua autoria. Fomos à casa de Odete Monteiro e Magalhães Lins, à fazenda Marambaia entre outros. Com certeza ele me influenciou muito. Foi um gênio que mudou o conceito mundial de paisagismo. Era um artista nato, além de ser uma pessoa muito agradável. Ele adorava receber os amigos, experimentar comidas exóticas, cantar … enfim, era uma pessoa muito divertida. Foi uma grande honra tê-lo conhecido.