Os embalos de sábado à noite na Toco estão de volta
A festa que irá relembrar o sucesso da danceteria e os motivos que fizeram a fama da casa da Zona Leste
A Toco, danceteria que marcou época na cidade entre as décadas de 70 e 90, encerrou as atividades há vinte anos. Um grupo de ex-sócios, incluindo o empresário Marco Antonio Tobal, armou uma festa para relembrar os embalos de sábado à noite da casa que marcou época. O evento ocorrerá no dia 2 de setembro na Audio, na Barra Funda, com a presença de DJs da antiga Toco, show do Information Society e uma espécie de túnel do tempo, área que terá várias atrações de pegada retrô, a exemplo de exposição de carros clássicos e jogos de videogame Atari, entre outas coisas. Os ingressos encontram-se à venda no site Ticket360.
O empreendimento ficava fora do circuito baladeiro daquela época, no distante bairro de Vila Matilde, na Zona Leste. Mas isso não impedia que jovens de toda a cidade frequentassem o lugar, que se tornou referência nos seus 25 anos de existência. A seguir, alguns dos motivos que fizeram da danceteria um sucesso:
- Pioneirismo
Os sócios da Toco costumavam organizar bailes para estudantes de Vila Matilde, no final dos anos 60. O negócio foi prosperando e, em 1972, eles abriram a danceteria num grande espaço, onde antes ficava o Cine São João. Marco Antonio Tobal e William Crunfli tinham menos de 20 anos de idade na época.
- Ousadia
Além de resolverem abrir a danceteria no seu bairro de origem, longe do principal circuito baladeiro da época, os sócios fizeram isso num salão enorme, com capacidade para 4 000 pessoas, já apostando que o negócio seria um sucesso.
- Dedicação
Quando o negócio começou a dar lucro, eles priorizaram a qualidade e inovação do lugar, mantendo a Toco sempre em sintonia com as principais casas do mundo. Mesmo se o custo fosse alto, bancavam o investimento para agradar os frequentadores.
- Equipamentos
Seus equipamentos de som e luzes sempre estiveram entre os mais avançados do mundo. Essa era umas das razões para que as pessoas atravessassem a cidade para curtir uma noite por lá.
- Equipe de DJs
Vadão, Cadico, Iraí Campos, Ricardo Crunfli, Ricardo Guedes, Marky…. DJs que se tornaram nomes importantes no cenário musical brasileiro e internacional passaram pelo comando da pista da Toco. Fazer sucesso na casa funcionou como uma credencial para esses profissionais seguirem carreira de sucesso.
- Frequência
Já durante a década de 70, auge da disco music, a Toco vivia lotada. Tão lotada que seus 4000 lugares eram preenchidos rapidamente. Assim, as pessoas que não conseguiam entrar ficavam na praça em frente, carinhosamente apelidada depois de Praça da Toco. Havia dias em que mais de 1000 pessoas ficavam para fora e se divertiam ali mesmo pela praça, na filial do bar Pilequinho e na sorveteria Chup´s que, aliás, existe até hoje.
- A verdadeira “rede social”
Até o começo dos anos 90, não havia internet e celular. Mesmo o telefone fixo era um luxo para poucos. Rede social? No caso da Toco, a “rede social” era a propaganda boca a boca. No começo, a frequência de público era quase toda de moradores da Zona Leste. Aos poucos, a fama da danceteria acabou atraindo público de outras partes da cidade.
- Shows internacionais
A Toco patrocinou a vinda de diversos grupos para o Brasil, numa época em que nosso país ainda não era uma rota comum para esses artistas, entre eles Information Society, A-ha, Technotronic e KC & The Sunshine Band. A primeira vinda do Queen ao Brasil, em 1981, só foi concretizada depois que a Toco entrou na negociação, pelas mãos de Marco Antonio Tobal.
- Longevidade
De 1972 a 1997 foram 25 anos de boas músicas pra dançar. A Toco viu nascer a Disco Music, a New Wave, a House e a Techno. Sempre tocou o melhor de cada um dos estilos.
- Homenagens
Desde que fechou as portas em 1997, a Toco é sempre lembrada no cenário dance da cidade, e de lá pra cá aconteceram diversas festas em homenagem à antiga danceteria. Nestas festas, DJs que passaram pela casa são convidados a relembrar as épocas em que comandavam a pista da Toco, levando os mais saudosistas e também a nova geração ao delírio.
Documentário A História da Toco