Por onde anda o Zé Béttio?
Sucesso nos anos 70, ele apresentou um programa matinal até 2009
Um dos radialistas mais lembrados e queridos do Brasil, Zé Béttio vivia dizendo pra dona de casa jogar água no marido pra ele ir trabalhar, isso às cinco e meia da manhã! Muita gente se acostumou a ouvi-lo pela Rádio Record nos anos 70, em seu programa que tocava exclusivamente música sertaneja de raiz, e sua voz tranquila fez parte da infância de várias pessoas. Ele foi uma espécie de “Silvio Santos do rádio”, um comunicador respeitado e imitado que, com sua simplicidade, cativava a todos.
Zé Béttio nasceu em 1926 e foi sanfoneiro do trio Sertanejos Alegres nos anos 50. Antes disso, porém, foi sapateiro e até jogou futebol no Clube Atlético Linense. No final dos anos 50, depois que os Sertanejos Alegres se desfizeram, ele passou a tocar sanfona num concurso de calouros da Rádio Tupi, e montou o Zé Béttio e Seu Conjunto, fazendo algumas apresentações na Rádio Cometa, com quem gravou seu primeiro disco, em 1958.
O destino fez com que ele substituísse por acaso um locutor que havia faltado na rádio Difusora de Guarulhos. O público gostou de ouvi-lo lendo anúncios, e ele acabou efetivado como locutor, tendo um programa diário de meia hora. Foi em seguida contratado pela Rádio Cometa, e logo se tornou um fenômeno de audiência. No início da década de 70, foi para a Rádio Record, e nesse programa lançou diversos artistas que se tornaram consagrados, como a dupla Milionário e José Rico.
São dessa época os bordões “joga água nele”, “gordo, ô gordo”, o galo cantando, a água na bacia, lembranças que parecem sem sentido, mas que se mantêm vivas na memória afetiva de quem viveu e ouviu o Zé naqueles anos todos. Quem não se lembra de quando começava a música Quem É?, de Aguinaldo Timóteo, e ele respondia “é o Zé Béttio”?
Nos anos 80, ele passou pela Rádio Capital e pela Rádio Gazeta, e acabou voltando para a Record, onde apresentou um programa matinal até 2009, se aposentando em seguida. Ele teve um AVC em 2016, e ainda está se recuperando. Aos 91 anos de idade, mora em seu sítio no interior de São Paulo, e prepara um livro de memórias.