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Os incêndios em acervos culturais e científicos do Brasil

Museu Nacional foi mais um dos prédios de patrimônio cultural e científico devastados pelo fogo no país

Por Camila Pusiol
Atualizado em 3 set 2018, 18h08 - Publicado em 3 set 2018, 17h44
Museu Nacional: incêndio consome o prédio no domingo (2) (Reprodução Rede Globo/Veja SP)
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Na noite deste domingo (2), o Brasil acompanhou as imagens do incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A instituição do tipo mais antiga do país, criada na época Imperial, guardava tesouros valiosos como Luzia, um fóssil com cerca de 12 000 anos de idade. Apesar do prejuízo histórico de valor incalculável, essa não foi a primeira vez que o fogo dizimou os acervos culturais, artísticos e científicos do país.

Nos últimos dez anos, pelo menos outras seis instituições notáveis enfrentaram incêndios de grandes proporções. Só entre os anos de 2013 e 2016, houve um incêndio significativo por ano, todos em São Paulo e a maioria deles ligados a má gestão de risco desses espaços.

Confira:

  • Teatro Cultura Artística, 2008.

Inaugurado em 1950, o espaço foi quase que completamente destruído em agosto de 2008 por um incêndio de causas desconhecidas. Até o hoje, o espaço localizado na região central de São Paulo segue deteriorado. Durante dez anos, vários prazos de reabertura não foram cumpridos. Hoje, o lugar passa por obras de reconstrução; a expectativa é de que o novo prédio da Sociedade de Cultura Artística fique pronto em abril de 2021Entre os itens perdidos estão instrumentos musicais, equipamentos de sons e iluminação, além dos figurinos das peças O Bem Amado e Toc Toc

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(Reprodução/Veja SP)
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  • Instituto Butantan, 2010.
  • Memorial da América Latina, 2013

Em novembro de 2013, um incêndio de grandes proporções atingiu o Memorial da América Latina, em São Paulo. O fogo começou no auditório Simón Bolívar, onde havia uma tapeçaria de 800 metros quadrados da artista japonesa Tomie Ohtake, produzida a pedido de Oscar Niemeyer. O incêndio foi resultado de curto-circuito seguido de explosão. Na falta de luz, um gerador reserva foi acionado, ocasionando uma sobrecarga de energia. A alta temperatura alinhada à presença de material inflamável teriam provocado a explosão que destruiu o auditório do Memorial. O espaço foi reaberto em dezembro de 2017, quatro anos depois.

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Memorial da América Latina durante o incêndio de 2013 (Tedy Colombini/Estadão Conteúdo/Veja SP)
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  • Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios, 2014

Em fevereiro de 2014, quase todo o acervo do Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios, no bairro da Luz, região Central de São Paulo, foi destruído por um incêndio. Entre os itens perdidos estavam quadros, esculturas, móveis antigos e aproximadamente 28 réplicas em gesso de obras de artes. O Liceu só reabriu as portas de seu centro no mês passado, das obras atingidas pelo fogo, mais de dez foram consideras irrecuperáveis.

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Fogo destruiu quadros, esculturas, móveis antigos e réplicas em gesso (Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo/Veja SP)
  • Museu da Língua Portuguesa, 2015
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O incêndio de grandes proporções que atingiu quase toda estrutura do Museu da Língua Portuguesa em 2015 ainda não foi completamente reparado. As chamas consumiram rapidamente torres e esquadrias feitas em madeira. Não houve prejuízo em relação ao acervo, pois todas as obras da instituição eram virtuais e, por isso, recuperáveis, mas o bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz morreu tentando combater as chamas. O espaço ainda passa por reconstruções, e a previsão é que fique pronto em 2019.  

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Incêndio no Museu da Lingua Portuguesa em 2015 (Pedro Kirilos/Agência O GLOBO/Veja SP)
  • Cinemateca Brasileira, 2016

Em fevereiro de 2016, a Cinemateca Brasileira enfrentou um grandioso incêndio em um de seus galpões. Ao todo, 731 títulos do acervo, entre cinejornais e curtas-metragens, foram carbonizadas. Destes, 461 possuíam cópia de segurança e puderam ser recuperados, mas 270 foram perdidos no incidente. As obras destruídas tinham composição de nitrato de celulose, altamente inflamável, usada em películas cinematográficas até os anos 50.

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Galpão atingido pelo incêndio da Cinemateca (Reprodução/TV Globo/Veja SP)

Problema histórico

  • Museu de Arte Moderna do Rio – 8 de julho de 1978

Os erros se repetem, mas eles não são recentes. Em 1978, um incêndio destruiu 90% do acervo do Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Ao todo, 950 obras de arte, entre elas quadros do Pablo Picasso, ficaram completamente irrecuperáveis. Investigações da época apontaram para um curto-circuito, mas as causas reais nunca foram comprovadas. Hoje, o MAM possui um acervo de 12 000 peças. 

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Bombeiros tentam combater chamas no Museu de Arte Moderna, em 1978 (Antônio Nery/Veja SP)

 

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