Os incêndios em acervos culturais e científicos do Brasil
Museu Nacional foi mais um dos prédios de patrimônio cultural e científico devastados pelo fogo no país
Na noite deste domingo (2), o Brasil acompanhou as imagens do incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A instituição do tipo mais antiga do país, criada na época Imperial, guardava tesouros valiosos como Luzia, um fóssil com cerca de 12 000 anos de idade. Apesar do prejuízo histórico de valor incalculável, essa não foi a primeira vez que o fogo dizimou os acervos culturais, artísticos e científicos do país.
Nos últimos dez anos, pelo menos outras seis instituições notáveis enfrentaram incêndios de grandes proporções. Só entre os anos de 2013 e 2016, houve um incêndio significativo por ano, todos em São Paulo e a maioria deles ligados a má gestão de risco desses espaços.
Confira:
- Teatro Cultura Artística, 2008.
Inaugurado em 1950, o espaço foi quase que completamente destruído em agosto de 2008 por um incêndio de causas desconhecidas. Até o hoje, o espaço localizado na região central de São Paulo segue deteriorado. Durante dez anos, vários prazos de reabertura não foram cumpridos. Hoje, o lugar passa por obras de reconstrução; a expectativa é de que o novo prédio da Sociedade de Cultura Artística fique pronto em abril de 2021. Entre os itens perdidos estão instrumentos musicais, equipamentos de sons e iluminação, além dos figurinos das peças O Bem Amado e Toc Toc.
- Instituto Butantan, 2010.
Localizado na Zona Oeste da capital, o Instituto Butantan é um dos principais acervos de espécies de cobras do mundo. Porém, em maio de 2010, o local foi arrasado por um incêndio resultante do superaquecimento de um aparelho mantido em um dos prédios, onde estavam guardados milhares de animais conservados para pesquisa. O prédio não tinha sistema de detecção de fumaça e o incêndio destruiu 70 000 espécies de cobras conservadas no local.
- Memorial da América Latina, 2013
Em novembro de 2013, um incêndio de grandes proporções atingiu o Memorial da América Latina, em São Paulo. O fogo começou no auditório Simón Bolívar, onde havia uma tapeçaria de 800 metros quadrados da artista japonesa Tomie Ohtake, produzida a pedido de Oscar Niemeyer. O incêndio foi resultado de curto-circuito seguido de explosão. Na falta de luz, um gerador reserva foi acionado, ocasionando uma sobrecarga de energia. A alta temperatura alinhada à presença de material inflamável teriam provocado a explosão que destruiu o auditório do Memorial. O espaço foi reaberto em dezembro de 2017, quatro anos depois.
- Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios, 2014
Em fevereiro de 2014, quase todo o acervo do Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios, no bairro da Luz, região Central de São Paulo, foi destruído por um incêndio. Entre os itens perdidos estavam quadros, esculturas, móveis antigos e aproximadamente 28 réplicas em gesso de obras de artes. O Liceu só reabriu as portas de seu centro no mês passado, das obras atingidas pelo fogo, mais de dez foram consideras irrecuperáveis.
- Museu da Língua Portuguesa, 2015
O incêndio de grandes proporções que atingiu quase toda estrutura do Museu da Língua Portuguesa em 2015 ainda não foi completamente reparado. As chamas consumiram rapidamente torres e esquadrias feitas em madeira. Não houve prejuízo em relação ao acervo, pois todas as obras da instituição eram virtuais e, por isso, recuperáveis, mas o bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz morreu tentando combater as chamas. O espaço ainda passa por reconstruções, e a previsão é que fique pronto em 2019.
- Cinemateca Brasileira, 2016
Em fevereiro de 2016, a Cinemateca Brasileira enfrentou um grandioso incêndio em um de seus galpões. Ao todo, 731 títulos do acervo, entre cinejornais e curtas-metragens, foram carbonizadas. Destes, 461 possuíam cópia de segurança e puderam ser recuperados, mas 270 foram perdidos no incidente. As obras destruídas tinham composição de nitrato de celulose, altamente inflamável, usada em películas cinematográficas até os anos 50.
Problema histórico
- Museu de Arte Moderna do Rio – 8 de julho de 1978
Os erros se repetem, mas eles não são recentes. Em 1978, um incêndio destruiu 90% do acervo do Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Ao todo, 950 obras de arte, entre elas quadros do Pablo Picasso, ficaram completamente irrecuperáveis. Investigações da época apontaram para um curto-circuito, mas as causas reais nunca foram comprovadas. Hoje, o MAM possui um acervo de 12 000 peças.