Peça ‘O Rei da Vela’ volta aos palcos após cinquenta anos
A obra de Oswald de Andrade tem nova versão do Teatro Oficina com os mesmos Zé Celso e Renato Borghi no elenco
Escrita por Oswald de Andrade em 1933, a peça O Rei da Vela permaneceu inédita até o ator Renato Borghi achar uma empoeirada edição do texto na estante de sua casa. O Teatro Oficina, comandado por Borghi e pelo diretor Zé Celso Martinez Corrêa, decifrou nas palavras do autor modernista uma mensagem capaz de sacudir o público naquela fase inicial da ditadura militar.
Em setembro de 1967, O Rei da Vela reinaugurou o novo Oficina, na Rua Jaceguai, destruído por um incêndio no ano anterior, e a encenação comandada por Zé Celso tornou-se um marco de resistência política e de ousadias estéticas. A montagem está para o teatro brasileiro como o filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, está para o cinema ou o disco Tropicália, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, está para a música.
Inovador, Zé Celso apresentou uma provocação ao regime em diálogos coloquiais e debochados repletos de referências das artes plásticas e do cancioneiro popular. Na história, o agiota Abelardo enriquece à custa da penúria alheia e da frágil moral burguesa. Sua derrocada se dá quando ele é trapaceado por um sujeito mais vil, que rouba seu posto.
Além de Borghi, Ítala Nandi, Henriqueta Brieba, Etty Fraser, José Wilker e Fernando Peixoto passaram pelo elenco. Cinco décadas depois, O Rei da Vela retorna para fazer outro grande barulho. Desta vez será no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, em nova versão com Borghi, de volta ao papel de Abelardo.
Com estreia no sábado (21), o espetáculo reúne outros treze atores — entre eles, Zé Celso, que, além de dirigir o espetáculo, interpreta a virgem Dona Poloca —, traz a cenografia original de Hélio Eichbauer e promete sessões aos sábados, às 19h, e aos domingos, às 18h, até 19 de novembro, com ingressos a 50 reais.