Documentário relembra a trajetória da banda punk Joelho de Porco
O grupo fez sucesso nos anos 70 com músicas e apresentações irreverentes
Em 2013, o cineasta Rafael Terpins iniciou uma empreitada para contar a história de seu tio, Tico, morto em 1998. Ele foi o líder do Joelho de Porco, escrachada banda de rock dos anos 70, considerada a versão brasileira do punk rock, estilo que então ganhava força na Europa. O resultado está no documentário Meu Tio e o Joelho de Porco, exibido na Mostra de Cinema de São Paulo em outubro.
O quarteto começou a chamar atenção entre 1972 e 1973, quando cantava Se Você Vai de Xaxado/Eu Vou de Rock n’ Roll e Fly America, do EP homônimo. Seus quatro músicos não se consideravam punks pela sonoridade, mas cultivavam a anarquia em suas apresentações. Se determinado festival tinha artistas com figurinos mais despojados, por exemplo, eles apareciam de smoking. “Em um dos shows, ao lado de Rita Lee, um delegado chegou a ameaçar interná-los em um hospício”, conta Rafael.
O quarteto destacava-se não apenas pelo jeitão debochado no palco, mas também pelas letras sobre o cotidiano paulistano, com muitas ironias. “Andando nas ruas do centro / Cruzando o Viaduto do Chá / Eis que me vejo cercado… / Trombadinhas querendo me assaltar”, dizia São Paulo by Day, do primeiro álbum completo da banda, São Paulo 1554/Hoje, de 1974.
O disco trazia ainda Mardito Fiapo de Manga, a música mais conhecida do conjunto. Pelo microfone do Joelho de Porco passaram Próspero Albanese, Ricardo Petraglia, o argentino Billy Bond e, nos anos 80, Zé Rodrix, sempre com Tico como o cabeça da trupe. “Eles foram responsáveis por abrir uma brecha para outros grupos irreverentes, como Língua de Trapo, Ultraje a Rigor, Os Mulheres Negras e até Mamonas Assassinas”, afirma Rafael.
O Joelho terminou de vez depois do quarto disco lançado, 18 Anos sem Sucesso, de 1988, quando Tico e Zé Rodrix decidiram se dedicar mais à publicidade e à criação de jingles.