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Bug do Milênio: vinte anos do dia que não chegou

O temor da mudança das datas fez empresas e governos preverem efeitos catastróficos na virada para 1º de janeiro de 2000

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 nov 2019, 10h36 - Publicado em 15 nov 2019, 06h00
Funcionário do Operador Nacional do Sistema Elétrico em plantão para monitorar a situação: nada aconteceu (Lindauro Gomes/Estadão Conteúdo)
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Em 1999, uma possível pane nos computadores na virada para o ano 2000 deixou alarmados governos, empresas e usuários do mundo todo. Como muitos sistemas do século passado interpretavam as datas com apenas dois dígitos, o receio era que as máquinas voltassem seus calendários para 1900, provocando efeitos catastróficos. Entre os desastres previstos no chamado Bug do Milênio estavam a paralisação de aeroportos e de usinas nucleares. Com isso, aviões poderiam voar descontrolados e materiais radioativos acabariam despejados na atmosfera. Na economia, os cálculos de juros negativos levariam bancos à falência, e a economia do planeta entraria em colapso. Imagine o valor de um boleto pago com 100 anos de atraso.

O alarde também foi sentido no Brasil. Virou capa de jornais e revistas. Em Brasília, montou-se uma “sala de situação” do setor elétrico para eventuais distúrbios no fornecimento de energia. Em São Paulo, o governo estadual criou um site para acompanhar os efeitos da “catástrofe”. Havia preocupação em áreas-chave, como saúde, segurança pública, transportes, recursos hídricos e administração penitenciária.

Na capital paulista, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) colocou 2 700 funcionários para trabalhar no feriado de Ano-Novo para o caso de panes em semáforos ou congestionamentos anormais. Logo que os relógios deram meia-noite e nada de incomum ocorreu, a desmobilização foi imediata e os servidores puderam curtir a virada com um pouco de atraso.

Assim como aqui, o mundo passou praticamente incólume pelas mazelas prenunciadas pelo Bug. O fim dos anos 1990 foi marcado por grande desenvolvimento tecnológico, e os novos sistemas corrigiram a possível falha. Da temível situação ficou um prejuízo de 6 bilhões de dólares (cerca de 24 bilhões de reais), gastos para lidar com os problemas, de acordo com a consultoria internacional Gartner Group. Terá sido apenas fake news?

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 20 de novembro de 2019, edição nº 2661.

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