‘Todas as Estradas de Terra…’ é saga geracional silenciosa, mas potente
Longa de Raven Jackson trata de relações humanas, amadurecimento e pertencimento pela perspectiva de uma mulher negra
Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal explora o não dito nas relações humanas, no amadurecimento e no pertencimento. O longa de estreia da diretora e roteirista Raven Jackson deixa uma lacuna para o espectador completar, mas sem deixar de imbuir as particularidades da personagem principal, uma mulher negra.
Acompanhamos Mackenzie em quatro momentos da vida, da infância (Mylee Shannon), passando pela adolescência (Kaylee Nicole Johnson) e juventude (Charleen McClure), até a fase adulta (Zainab Jah).
Desde pequena, a moradora da zona rural do Mississipi (EUA) teve que lidar com grandes perdas, traumas e corações partidos, em contraposição aos momentos felizes e à natureza exuberante à sua volta. Esse contraste permite uma abordagem poética, oportunidade que a cineasta soube usar ao filmar em 35mm.
A irmã, Josie (interpretada por Jayah Henry quando criança e Moses Ingram quando adulta), serve como um ponto de referência para a protagonista.
A estrutura não cronológica tem seu apelo, por mostrar que tudo está conectado e que a Mack mais velha ainda é aquela menina com brilho nos olhos, mas às vezes se perde entre os fios narrativos.
A riqueza do filme mora na combinação envolvente entre sons e imagens, da terra, mata, trovões e animais.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 22 de novembro de 2024, edição nº 2920