Denise Fraga disserta sobre eutanásia com bom humor em ‘Sonhar com Leões’
Atriz interpreta brasileira diagnosticada com um câncer terminal que procura ajuda de uma organização clandestina para ter uma morte sem dor
Falar sobre eutanásia e suicídio segue sendo um grande tabu. Abordar o assunto no cinema exige certa delicadeza, ou tom dramático, em vista da recepção do público. Por isso, as reações a Sonhar com Leões, de Paolo Marinou-Blanco, têm sido tão adversas.
Lembra, inclusive, a repercussão de O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar. Ambos buscam trazer uma perspectiva mais leve e até cômica sobre a própria morte, sem se abster de tocar nas dores, perdas e dificuldades.
Gilda (interpretada com riqueza por Denise Fraga), uma imigrante brasileira em Lisboa, foi diagnosticada com um câncer terminal e, após várias tentativas de suicídio, procura o serviço de uma organização clandestina de eutanásia chamada Joy Transition International.
Na primeira parte do filme, surge o trecho que mais tem sido alvo de críticas: a protagonista passeia com casualidade pelas formas como tentou se suicidar. A carga emocional de cada espectador é definitiva para determinar o peso desse momento.
Particularmente, não vi nenhum incentivo, uma vez que faz análises realistas do quadro de pessoas que chegam a esse ponto e o caminho adequado (procurar ajuda profissional).
Com a quebra da quarta parede — inevitável compará-la a Fleabag (2016) —, fica ainda mais evidente a intenção de aproximá-la do público, como uma amiga.
Gilda se apaixona pela vida. Em um galpão com clima meio decadente, meio distópico, participa de atividades em grupo, para avançar no processo e obter uma morte sem dor, e conhece o jovem Amadeu (João Nunes Monteiro). A relação com o novo colega fica nebulosa e desperta-lhe um novo ânimo.
NOTA: ★★★★☆
Entrevista com diretor e atriz
“A maior inspiração para contar a história foi a experiência pessoal dolorosa da morte do meu pai, que sofreu bastante e não teve acesso a cuidados paliativos ou eutanásia”, conta Marinou-Blanco, em entrevista a Vejinha.
“Encontrei essa contradição entre o desejo do meu pai de que as dores e a vida terminassem e o amor da família que queria mantê-lo vivo, além da posição dos médicos”, ele conta.
A atriz Denise Fraga concorda com o ponto de vista do diretor: “O filme não é sobre a morte, mas, sim, sobre a vida”.
“Ele dá vontade de viver e destaca que a vida não é bela, mas é rica e cheia de possibilidades, e que a arte ajuda a compreender a imperfeição humana e a universalizar as experiências, permitindo que o público reconheça nos seus sofrimentos individuais o consolo da fraternidade”, analisa.
Publicado em VEJA São Paulo de 19 de setembro de 2025, edição nº 2962
Caso Ângela Diniz: o que aconteceu com Doca Street depois de matar namorada?
Quem foi Ângela Diniz e por que sua história atrai tanta atenção?
Influenciador João do Grau é preso no interior de São Paulo
Confira o mapa atualizado do metrô e trens de SP após mudanças
O que a polícia sabe sobre a morte de cabeleireiro no Alto de Pinheiros





