Com Wagner Moura e Fernanda Torres, ‘Saneamento Básico’ é relançado
“O mundo está conhecendo a Fernanda, mas a gente já sabia que ela era excepcional há muito tempo”; confira a entrevista com Jorge Furtado e Camila Pitanga

Dois clássicos do cinema brasileiro ganham um relançamento, décadas após a estreia: “Saneamento Básico, o Filme” (2007) e o curta “Ilha das Flores” (1989), ambos de Jorge Furtado, em cópias digitais restauradas pela Sessão Vitrine Petrobras, responsável pela distribuição.
“Ilha das Flores” virou um marco do cinema brasileiro e uma referência na academia, com a denúncia da desigualdade social e a realidade da sociedade de consumo. “Saneamento Básico, o Filme” traz as tiradas cômicas, também carregadas de viés crítico e político, do diretor, que fundou a Casa de Cinema de Porto Alegre.
“Eu, pessoalmente, nunca me afastei desses filmes, regularmente os vejo em mostras ou escolas”, conta o cineasta.
O elenco estrelado, com Fernanda Torres, Wagner Moura, Camila Pitanga, Bruno Garcia e Lázaro Ramos, interpreta moradores de uma pequena vila no Sul do país, chamada Linha Cristal, que sofre com a falta de uma rede de esgoto. Sem recursos financeiros para construir uma fossa, o município recebe uma verba pública destinada à produção audiovisual. Então, eles decidem produzir um filme de ficção para dar uma finalidade ao dinheiro.

Para o diretor, se a Linha Cristal pudesse reivindicar algo em 2025, seria a produção de mais filmes. “Eles acabaram se apaixonando pelo ato de fazer cinema e talvez seja uma uma coisa muito boa para a comunidade investir em cultura. Veja o que é o que são os shows no Rio de Janeiro, da Lady Gaga, da Madonna, do Caetano e da Betânia, que movimentam a cidade inteira”.
“Ficamos muito amigos todos ali, era uma turma muito especial”, relata Furtado. “O mundo está conhecendo a Fernanda, mas a gente já sabia que ela era excepcional há muito tempo”.
Camila Pitanga também acompanha o sucesso de Wagner e Fernanda: “Me deixa cheia de alegria, seja como colega ou como brasileira”. “Tanto O Agente Secreto quanto Ainda Estou Aqui evocam orgulho, pelo reconhecimento no mundo, mas também por encher salas de cinema”, acrescenta.
A atriz lembra com carinho das gravações do longa e da convivência com o ator Paulo José (1937-2021). “Ouço ecos do filme até hoje, nos últimos tempos surgiram comentários, montagens e dublagens com cenas do filme”, afirma. “Agora, o relançamento vai dar a oportunidade para toda uma geração assistir. É uma grande comédia, que conversa com muita gente.”
Publicado em VEJA São Paulo de 30 de maio de 2025, edição nº2946.