‘Robô Selvagem’ é um espetáculo de animação com ótimas piadas e mensagens
Filme divertido do diretor Chris Sanders ('Lilo & Stitch') reflete sobre vida e natureza ao acompanhar a robô Roz (Lupita Nyong'o)
Esta não é uma animação tradicional — e da melhor maneira possível. Robô Selvagem, da DreamWorks, em cartaz nos cinemas, apresenta uma série de atributos diferenciados que a tornam aprazível e atrativa para públicos de diferentes idades.
Inspirado no best-seller homônimo do americano Peter Brown, de 2016, o filme dirigido e escrito por Chris Sanders (Como Treinar Seu Dragão e Lilo & Stitch) conta a história de Roz (dublada em inglês por Lupita Nyong’o), uma robô que se perde e vai parar em uma ilha com animais silvestres.
A protagonista faz amizade com os bichos e adota um “filho”, o ganso Bico-vivo (Kit Connor). Com ele, aprende sobre o comportamento animal e a sobrevivência na natureza. É uma abordagem diferente da que estamos acostumados a ver em Hollywood, em que os seres vivos precisam aprender a viver com as máquinas.
As trocas entre animal e tecnologia geram reflexões sobre a preciosidade da sabedoria das espécies e o sentido de estar vivo e pertencer a um coletivo. Ao cuidar de Bico-vivo, Roz prepara-o para o mundo e integra-se à comunidade. Com isso, acaba se questionando e descobrindo muito sobre si mesma.
Pode parecer algo complexo, mas o longa consegue tratar de forma leve e sutil. O contraste cria situações divertidíssimas, com humor aguçado.
Além da majestosa mensagem e execução, a animação apresenta visuais fascinantes, em uma espécie de realismo impressionista, resultado de um longo trabalho artesanal. A proposta era ter cenas pintadas à mão, sem o fotorrealismo da computação gráfica.
Sanders também fez questão de ter animais não antropomorfizados, ou seja, sem traços humanos.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 11 de outubro de 2024, edição nº 2914