‘Parthenope’ questiona o significado da beleza e as convenções sociais
Diretor italiano Paolo Sorrentino faz mergulho antropológico na cidade de Nápoles com protagonista fascinante

O novo filme do italiano Paolo Sorrentino, Parthenope: Os Amores de Nápoles, que estreou em Cannes no ano passado, usa da metalinguagem para fazer um estudo antropológico.
A personagem-título (interpretada por Celeste Dalla Porta) é uma estudante de antropologia com um rosto enigmático e uma curiosidade inquietante, cheia de perguntas, que aprende a ver a beleza na vida.
Os cenários deslumbrantes da cidade transbordam a tela, mas não se trata só desse tipo de beleza, é também sobre encontrá-la em lugares inesperados e não fazer julgamentos, assim como o professor Marotta (Silvio Orlando) a ensina.
Em paralelo, Parthenope lida com a morte do irmão, com quem tinha uma relação dúbia, e os amores que surgem, sempre estonteados por ela, do comandante ao padre.
Toda essa composição, de cenas e enredo, traz referências dos mestres italianos Fellini e Bertolucci, em uma expressão inevitavelmente maximalista.
Sorrentino criou uma narrativa extensa, que se estende e se beneficiaria de uma tesoura mais impiedosa na edição. Isso não tira o peso da mensagem contemplativa.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 4 de abril de 2025, edição nº 2938