‘O Último Azul’: uma joia rara do cinema nacional lapidada por muitas mãos
Direção, fotografia e performance de Denise Weinberg brilham em longa premiado em Berlim e pré-selecionado a concorrer ao Oscar

Uma das primeiras promessas de sucesso do cinema nacional neste ano surgiu logo em fevereiro, no Festival de Berlim. O Último Azul, de Gabriel Mascaro, estreia no circuito comercial aclamado. Além do prêmio do júri no evento alemão, está entre os pré-selecionados pela Academia Brasileira de Cinema para a escolha do filme que irá concorrer pelo país uma vaga no Oscar de 2026.
A bela trajetória faz jus ao trabalho delicado e magnífico do diretor e roteirista. Sempre com uma perspectiva contundente sobre indivíduo e coletivo, cria uma poesia bucólica sobre o desejo incontrolável de viver.
Ambientado em um Brasil distópico, onde idosos são forçados a se exilar do resto da sociedade, o longa acompanha Tereza (Denise Weinberg), uma mulher de 77 anos, moradora de uma cidade na Amazônia, que se nega a ir a uma dessas colônias habitacionais e sai em busca de realizar um último desejo.
Em uma jornada por rios e afluentes da região, ela conhece o excêntrico Cadu (Rodrigo Santoro), que apresenta um novo olhar para o mundo. É por meio dele que se introduz um dos elementos fantásticos do filme, o fictício caramujo de baba azul, com propriedades alucinógenas, que permite ter visões.
Cada recurso adotado pelo cineasta para contar a história é muito bem apresentado pela fotografia, que leva o espectador em uma viagem.
A performance de Denise Weinberg é fundamental para trazer complexidade à personagem. O grande impacto do filme reside na força da mensagem.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 29 de agosto de 2025, edição nº 2959