‘O Sequestro do Papa’ narra caso polêmico de menino judeu adotado por papa
O cineasta italiano Marco Bellocchio traz uma perspectiva crítica à história que chocou o mundo no século XIX
A história do menino Edgardo Mortara (1851-1940) é a inspiração de O Sequestro do Papa, filme de Marco Bellocchio que estreou na competição oficial de Cannes em 2023 e acaba de entrar em cartaz.
Expoente do cinema político italiano, o diretor aborda um caso que chocou o país no século XIX: a perda da guarda de Edgardo (Enea Sala), de 6 anos, de sua família de judeus para autoridades da Igreja Católica, sob o argumento de ter sido batizado em segredo por uma empregada quando estava enfermo.
Existia na época uma lei que proibia não-católicos de criar crianças da religião. Ele foi adotado pelo papa Pio IX e educado na igreja. Os pais tentaram recorrer da decisão por anos, sem sucesso.
Na adolescência, o jovem (interpretado por Leonardo Maltese) recebeu a liberdade de escolha do lar, mas decidiu ficar em Roma.
Com uma perspectiva crítica, a intenção declarada de Bellocchio era manifestar sua empatia pela criança. Os figurinos e o design de produção reproduzem bem a estética da época, pautada pelo romantismo.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 19 de julho de 2024, edição nº 2902