‘O Menino e a Garça’: Hayao Miyazaki revisita o passado e celebra a vida
Animação em cartaz nos cinemas apresenta elementos clássicos do diretor japonês e tem grandes chances de levar o Oscar
✪✪✪✪ Após dez anos longe das telonas, o diretor Hayao Miyazaki retorna com uma nova animação do Studio Ghibli. Ele se aposentou após lançar Vidas ao Vento (2013), mas decidiu voltar à ativa em 2017 para produzir mais um filme, afirmando ser seu último.
O Menino e a Garça, em cartaz nos cinemas, é uma epítome da vida e obra do cineasta nascido em Tóquio. O longa tem inspiração no livro How Do You Live, de Genzaburo Yoshino, mas apresenta adições pessoais de Miyazaki.
Vivendo o início da Segunda Guerra Mundial, o protagonista Mahito Maki, de 12 anos, precisa crescer em meio ao conflito e ao medo — assim como o diretor na vida real. Ao perder a mãe em um bombardeio a um hospital, é levado pelo pai para morar com a tia (que também vira madrasta) e um grupo de senhoras em uma casa afastada da cidade.
Na mansão, nota a presença de uma garça misteriosa, que se aproxima no primeiro instante. O animal revela-se um ser falante e convoca o menino para ir a uma torre abandonada aos fundos do terreno, com a promessa de que poderia se reencontrar com a mãe em outra dimensão.
Todos os elementos clássicos do diretor estão presentes, dos visuais vibrantes à narrativa que flutua entre sonho e realidade — ou, como o próprio Miyazaki diz, “um anseio por um mundo perdido”.
O cineasta chega a seu último filme revisitando o passado, em uma manifestação de realização e satisfação com a obra realizada. É uma celebração à sua vida e tem grandes chances de levar o Oscar de Melhor Animação.
Publicado em VEJA São Paulo de 23 de fevereiro de 2024, edição nº 2881