‘O Deserto de Akin’ entra em cartaz inspirado em eventos políticos reais
Relações em xeque: vidas impactadas por decisão do governo

Após ser premiado no Festival do Rio, de Salvador e de Vitória, O Deserto de Akin entra em cartaz com um
retrato inspirado em eventos políticos reais. O filme dirigido e escrito por Bernard Lessa faz um exercício sadio de
examinar o macro pelo micro: como uma vida é impactada a nível individual quando uma decisão unilateral é tomada sobre um coletivo.
Akin (Reynier Morales) é um médico cubano atencioso que veio trabalhar no Brasil pelo programa Mais Médicos. Visivelmente satisfeito com a atuação em uma comunidade indígena, ele mergulha na realidade do país e se envolve intimamente com Érica (Ana Flavia Cavalcanti) e Sérgio (Guga Patriota).
No entanto, com a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 e o fim abrupto da cooperação entre Brasil e Cuba, o protagonista fica em um impasse entre voltar ao país de origem e abandonar as relações ou permanecer e se reinventar mesmo sem poder seguir na medicina. Com um belo trabalho de fotografia, a perspectiva pessoal humaniza o caso de que muito se falou, mas pouco se analisou na ficção.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 8 de agosto de 2025, edição nº 2956