“Queria Will Ferrell lutando com um jacaré”, diz diretor Nicholas Stoller
Ator estrela a comédia caótica ‘Casamentos Cruzados’ ao lado de Reese Witherspoon

Casamentos Cruzados marca a união inédita de Will Ferrell e Reese Witherspoon em uma comédia romântica caótica. A junção das lendas de Hollywood flui com naturalidade, ainda mais quando combinada com direção e roteiro de Nicholas Stoller, expert no gênero, a exemplo de Ressaca de Amor (2008) e Vizinhos (2014).
“Eles foram muito prestativos, não só em entregar grandes performances, mas também em desenvolver o roteiro”, conta o diretor.
O novo filme do Prime Video acompanha a transformação da paradisíaca ilha Palmetto em um palco do caos, quando duas famílias entram confronto, após um erro de agendamento, com dois casamentos para a mesma data.

Jim (Will Ferrell) fez a reserva para a cerimônia da amada filha, Jenni (Geraldine Viswanathan), e Margot (Reese Witherspoon) preparou tudo para a irmã, Neve (Meredith Hagner). Eles tentam conciliar os casórios e proporcionar um dia memorável para os entes queridos, mas nem tudo sai como planejado.
Confira a seguir a entrevista da Vejinha com Nicholas Stoller.
Você teve alguma inspiração para o filme?
Eu queria contar uma história sobre dois personagens solitários, que têm familiares importantes e sentem medo de que vão ser abandonados. Ao longo do trajeto, eles se encontram. Eu percebi que uma inspiração subconsciente é um musical que eu amo, provavelmente uma das minhas obras favoritas de todos os tempos, chamado A Little Night Music (1973), de Stephen Sondheim. É uma história de amor linda, um dos poucos musicais que termina feliz, todo mundo encontra amor.
Para mim, havia também algumas qualidades shakespearianas para o que eu estava tentando fazer. Isso soa pretensioso, mas em termos de todas as comédias de Shakespeare terminarem com um casamento. Eu pensei em ter um casamento e um grupo de personagens na floresta, como em Sonho de uma Noite de Verão. É quase um pouco mágico.
E também, eu queria o Will Ferrell lutando com um jacaré (risos).
Como foi a experiência de dirigir esses dois grandes atores? Eles trouxeram ideias?
Sim, eu amo colaborar com atores. Sempre digo que um roteirista pensa no que acontece a seguir e como a história deve funcionar e o ator pensa o que um humano diria e faria sobre isso. Os dois têm ótimos instintos comunicativos e dramáticos. Inicialmente, o personagem do Will atacava o casamento da Reese muito cedo no filme. E o Will disse: ‘Acho que eu não faria isso. Algo maior teria que acontecer para me comportar desse jeito’.
Uma coisa que a Reese trouxe foi que, antes, a personagem dela que iria casar. E ela disse: ‘Não importa se eu vou me casar, não é tão interessante para o público. E se for a minha irmã e eu fizer uma grande coisa disso?’. Ela estava certa, eu mudei isso no filme inteiro e fez muito mais sentido.
Eles foram muito prestativos, não só em entregar grandes performances, mas também em desenvolver o roteiro.
Acha que o filme representa o momento que vivemos de alguma forma?
Eu espero que as pessoas se identifiquem. Para mim, são questões bem atemporais. Com relação à família, sentir-se a ovelha negra é uma coisa que muitas pessoas podem se identificar. Sentir que seus filhos vão crescer e não vão mais precisar de você.
Eu tentei tratar com toques contemporâneos o quanto pude. Por exemplo, quando a filha do Will e o marido anulam o casamento, pensei: ‘Ah, eles anunciariam isso no TikTok’. Porque provavelmente eles fariam isso. Acabou ficando engraçado. Eu tenho uma filha de 17 anos e mostrei para ela, para ter certeza de que não era sem noção. Assisti muitos TikToks de pessoas terminando, é muito engraçado, eu incentivo a ver. Eles se abraçam por um longo tempo e olham para a câmera, tristes.
Quando eu era novo e terminava com a minha namorada, não tinha nada disso, era terrível, uma realidade diferente.
Publicado em VEJA São Paulo de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929