‘Levado pelas Marés’ traz belo e profundo olhar sobre China contemporânea
Diretor Jia Zhangke, que já foi tema de documentário de Walter Salles, reuniu imagens de duas décadas para criar aventura romântica épica

Um dos títulos premiados da Mostra SP do ano passado entra em cartaz nesta semana no circuito comercial. Com direção do chinês Jia Zhangke, Levado pelas Marés venceu o prêmio da crítica. Também ganhou destaque fora do país, com estreia na seleção oficial do Festival de Cannes 2024 e nomeação do New York Times na lista dos melhores filmes do ano até agora.
É, de fato, um trabalho magnífico do cineasta, que tem um gostinho especial por ter referências a longas anteriores e soar como o projeto de uma vida. Ele juntou ficção e imagens de arquivo de duas décadas, incluindo algumas usadas em seus outros trabalhos, e criou uma nova narrativa.
O ponto de partida é Qiaoqiao (Zhao Tao), uma mulher em busca do amor da sua vida, Bin (Li Zhubin), que vai embora da cidade onde moravam para tentar a vida em outro lugar. Enquanto ela atravessa terras e águas para reencontrá-lo, observa as grandes transformações sociais na China.
A aventura épica se entrelaça com os caminhos do próprio país, com as reflexões do cineasta sobre memória, tempo e modernidade. Há um quê esotérico, mas que revela um belo e profundo olhar sobre a vida chinesa contemporânea.
Junto do filme, estreia o documentário Jia Zhangke, Um Homem de Fenyang (2014), dirigido por Walter Salles, em homenagem ao cineasta.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 20 de junho de 2025, edição nº 2949