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Filmes e Séries - Por Mattheus Goto

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Com Anne Hathaway e Jessica Chastain, ‘Instinto Materno’ poderia ser mais camp

Filme em cartaz nos cinemas alcança proporções inesperadas, de uma forma tão extrema que cria situações involuntariamente cômicas

Por Mattheus Goto
29 mar 2024, 06h00
Nem tão perfeitas assim: Hathaway e Chastain num retrato de famílias dos anos 60
Nem tão perfeitas assim: Hathaway e Chastain num retrato de famílias dos anos 60 (Imagem Filmes/Divulgação)
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✪✪✪ Anne Hathaway e Jessica Chastain estão de volta às telonas com o suspense Instinto Materno. Elas dão vida a Celine e Alice, respectivamente, vizinhas cuja amizade é colocada à prova quando o filho de uma delas sofre um acidente fatal.

Esse acontecimento desequilibra o convívio das famílias, que acreditavam ter vidas perfeitas, em um retrato tipicamente norte-americano dos anos 60. Uma sequência de conflitos envolvendo ego, morte e maternidade mostra que se tratava de um castelo de cartas.

O filme, inspirado em livro homônimo da escritora belga Barbara Abel, lançado em 2002, marca a estreia na direção do francês Benoît Delhomme, conhecido por seu trabalho como diretor de fotografia em A Teoria de Tudo e Os Infratores.

A obra original foi adaptada pela primeira vez para o cinema pelo diretor belga Olivier Masset-DePasse, em 2018. esse tempo de maturação da história, desde o lançamento da obra original até o remake hollywoodiano, fica perceptível, com algumas cenas truncadas.

As atrizes principais dão o seu melhor para tentar fazer o roteiro fluir e se entregam à violência e à loucura das personagens. A trama alcança proporções inesperadas, de uma forma tão extrema que cria situações involuntariamente cômicas. O final chega até a ser irônico de tanta coincidência.

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Tudo isso é, justamente, a definição da filósofa americana Susan Sontag (1933-2004) para a palavra “camp”, estilo exagerado e irônico, que ela definiu como “uma seriedade que falha”.

Anne Hathaway é a que mais se destaca por trazer essa conotação ao longa. A direção e a trilha sonora poderiam ter bebido um pouco mais dessa água, sem se levar tão a sério, para tornar a experiência do espectador mais divertida.

Publicado em VEJA São Paulo de 29 de março de 2024, edição nº 2886

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