‘Golpe de Sorte em Paris’ pode ser despedida – singela – de Woody Allen
Filme em francês tem todos os traços típicos da obra do cineasta, sem grande destaque
O novo filme de Woody Allen, Golpe de Sorte em Paris, pode ser possivelmente seu último, de acordo com entrevistas do diretor à imprensa americana. Se for o caso, será uma despedida nada entusiasmada do cinema.
Para começar, estreia com certo desgosto, ainda sob o impacto das acusações de abuso sexual de sua filha adotiva, Dylan Farrow, aos 7 anos, em 1992 — ele nega. O caso foi investigado e não teve implicações criminais, mas ressurgiu mais recentemente em 2021, com um documentário da HBO.
Para além do contexto, esse poderia ser um filme como qualquer outro de Allen, com assuntos como culpa, mistério e desejo, somados a pequenos diferenciais.
É seu primeiro longa totalmente em francês. Ele acompanha o encontro dos colegas de escola Fanny (Lou de Laâge), uma leiloeira, e Alain (Niels Schneider), um escritor, após anos sem se verem.
Com o envolvimento dos dois, ela coloca em xeque o casamento com Jean (Melvil Poupaud) e, indiretamente, a vida de todos à sua volta.
A performance do elenco salva o projeto em boa parte. O roteiro repetitivo funciona, com um belo arremate ao final, mas não surpreende nem é memorável.
NOTA: ★★☆☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 20 de setembro de 2024, edição nº 2911