‘Vivi meu sonho de criança no set’, diz Pedro Pascal sobre ‘Gladiador 2’
Ator chileno fala, com exclusividade a Vejinha, sobre os bastidores do filme e a troca com Ridley Scott, Paul Mescal e Denzel Washington
Uma das estrelas de Gladiador 2, sequência do filme de Ridley Scott do ano 2000, em cartaz nos cinemas é Pedro Pascal, famoso por seus papéis nas séries The Last of Us e Narcos.
O ator chileno interpreta o general Acacius (Pedro Pascal), que está insatisfeito com o sistema de corrupção no poder de Roma e inicia um plano para derrubar os imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger).
Em paralelo, lida com a rivalidade com Lucius (Paul Mescal), filho de Maximus (Russell Crowe), estrela do filme original, que quer vingança após o general ter invadido o território onde morava, no Norte da África.
É uma das maiores experiências cinematográficas do ano, um espetáculo épico e sangrento. “O que eu sonhava quando criança foi o que vivi no set de Ridley”, comenta Pascal, em entrevista enviada com exclusividade a Vejinha. “Foi exatamente como nos sonhos. Os navios, os palácios, o Coliseu, os figurinos — tudo estava lá.”
Confira na íntegra o bate-papo com o artista-sensação a seguir.
Como você se sentiu quando foi convidado para participar do filme?
Eu já tinha ouvido falar do filme, e meu coração afundou com a ideia de não fazer parte dele. Pensei: “Como vou suportar não estar nesse filme?” Então, receber a ligação foi mágico e inesperado, mas de alguma forma parecia predestinado [risos]. Não importava qual seria o papel. Saber que pelo menos eu conheceria Ridley já era o suficiente. Lembro de não conseguir pensar em outra coisa além da possibilidade de conversar com um dos meus cineastas favoritos — e um dos mais influentes da minha vida. Sou da geração que não deveria ter assistido Alien na idade em que assisti. Esse filme teve uma presença tão marcante na minha infância. Depois veio Blade Runner, Thelma e Louise no ensino médio, e Gladiador quando eu estava saindo da faculdade — são tantas influências importantes. Então, tudo o que eu queria era falar com ele.
Você interpreta Marcus Acacius, um dos personagens mais complexos do filme. Qual foi sua reação ao ler o roteiro pela primeira vez?
Houve duas coisas práticas que me animaram muito. Primeiro, ele está na abertura do filme, e eu adoro uma boa abertura. Fazer parte disso é incrivelmente especial. Segundo, ele é nosso primeiro elo com Roma. Ele nos leva de volta à Roma que conhecemos no filme original, embora muito transformada. E ele é o homem que nos conecta à personagem querida Lucilla, a única sobrevivente do primeiro filme. Sei que isso é uma visão mais técnica, mas foi o que mais me chamou a atenção de início. Também adorei vestir as armaduras e os figurinos, trabalhar com cabelo e maquiagem e ver tudo ganhando vida para compor a experiência visual.
Além disso, ele é um personagem complexo. Acho que, no começo do filme, é possível vê-lo como um vilão, mas logo percebemos que ele está do lado certo. A questão é por quanto tempo ele será visto como vilão aos olhos de Lucius. Quanto isso pode levar ao desastre por conta de mal-entendidos? Lucius não entende que este homem não é seu inimigo. Acacius está contra as verdadeiras forças malignas. Claro, o verdadeiro vilão aqui é o personagem de Denzel…
Denzel Washington fez de Macrinus um vilão imponente. Como foi contracenar com ele?
A combinação de Ridley e Denzel como influências na minha vida é quase inacreditável. Já trabalhei com Denzel antes, na sequência de O Protetor, então foi como voltar para casa, de certa forma. Ele é o mesmo homem que conheci naquele primeiro filme: um astro completo e um artista. Para mim, ele é a personificação perfeita do que significa ser uma estrela e um artista ao mesmo tempo.
Os sets do filme eram épicos. O quanto isso ajudou na sua experiência como ator?
Nunca experimentei nada assim, e já estive em sets enormes e filmes grandiosos antes. A cada vez fico mais impressionado, mas isso aqui foi diferente de tudo. Lembro de estar no set um dia enquanto Ridley coreografava a batalha naval com a equipe de dublês, e até com Paul. Pensei: “Isso nunca mais vai acontecer, então aproveite cada segundo”.
O que torna Ridley Scott tão bom no que faz?
Primeiro, ele é tecnicamente brilhante. Ele tem tantas câmeras filmando ao mesmo tempo. Tudo precisa estar acontecendo de forma sincronizada para cada câmera. A construção do mundo é tão completa que nada escapa. Você não pode ter a oitava câmera captando um estacionamento ou um espaço vazio. Sempre há algo acontecendo em todos os lugares. O set é literalmente um mundo inteiro.
Nos meus primeiros três dias de filmagem, fomos direto para a batalha de abertura. Havia navios gigantes com remadores e arqueiros, máquinas de fogo e água, uma ponte levadiça — de verdade! — e centenas de figurantes. Sangue jorrando por todos os lados, homens caindo de muralhas e no mar! Nada é deixado para a imaginação do ator. Tudo está lá.
Parece algo saído dos sonhos de uma criança sobre como é fazer filmes…
Exatamente. O que eu sonhava quando criança foi o que vivi no set de Ridley. Trabalhando em filmes, você aprende que, geralmente, não é assim. Mas isso foi exatamente como nos sonhos. Os navios, os palácios, o Coliseu, os figurinos — tudo estava lá.
Como você descreveria a relação entre Acacius e Lucilla?
Ele é um homem devoto. Um soldado, é assim que ele se define. Foi treinado pelo melhor general que Roma já teve, Maximus, de Russell Crowe. E sua devoção final é por Lucilla, sabendo que a devoção final dela é pelo sonho de Roma. Simplificando, é isso: ele é um parceiro e lutador leal.
Uma das cenas mais épicas do filme é a batalha entre Acacius e Lucius no Coliseu. Como foi trabalhar com Paul Mescal nessa sequência?
Ah, Paul e eu nos demos bem imediatamente. Viramos amigos. Ficávamos empolgados como crianças enquanto aprendíamos a luta e ensaiávamos juntos, criando algo que parecia um diálogo, mas com nossos corpos e a coreografia de luta. Foi uma cena importante e poderosa, além de assustadora. Ele é bem mais jovem do que eu, então boa parte do nosso relacionamento era eu pedindo para ele não me machucar!
Como foi ter essa batalha no impressionante set do Coliseu?
Extremamente emocionante e aterrorizante. Foi exatamente como parece [risos]. Você precisa ter uma confiança enorme no outro. Paul e eu estávamos famintos por estar juntos em algo assim. Nossos personagens passam tanto tempo focados um no outro, mas sem se encontrar, então foi emocionante finalmente poder, bem, bater um no outro.
Em Gladiador 2, Paul Mescal mostra um lado que o público nunca viu antes. O que torna sua performance tão boa?
Antes de fazer parte disso, quando ouvi sobre o filme e soube que Paul estaria nele, pensei: “Isso faz todo o sentido. É perfeito. Por que não estou nisso?” É fascinante ver algo que você sabia que ia acontecer, porque era exatamente o que esperava dele. Não fiquei surpreso, porque sabia o quão bom ele era, mas foi incrível ver como o filme não funcionaria se não fosse Paul e Ridley juntos. É a combinação perfeita. Ver isso tomar forma foi maravilhoso.
O que o público pode esperar ao assistir o longa?
Podem esperar se entreter. Este filme é entretenimento na sua forma mais pura.
Depois de sempre querer trabalhar com Ridley Scott, como foi finalmente assistir a um filme dele com você no elenco?
É difícil descrever, para ser honesto. Estou saboreando a memória disso enquanto conversamos. Foi uma aventura mágica. Como eu disse, é uma experiência que nunca tive antes e sei que provavelmente não terei novamente.