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Filmes e Séries - Por Mattheus Goto

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“Temos obrigação de apresentar postura política”, diz produtora de Almodóvar

Em entrevista a Vejinha, Esther Garcia defende a importância de filmes tratarem assuntos delicados, como a eutanásia em 'O Quarto ao Lado'

Por Mattheus Goto
9 jun 2025, 08h00
Esther Garcia, produtora de Pedro Almodóvar, no palco principal do Rio2C
Esther Garcia, produtora de Pedro Almodóvar, no palco principal do Rio2C (Rio2C/Divulgação)
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Trabalhador, totalmente dedicado ao cinema e inspirado pela vida e pelas mulheres à sua volta. É assim que a produtora Esther Garcia descreve o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, com quem trabalha há mais de quatro décadas.

“As mulheres que rodeiam Pedro são, de alguma maneira, um pouco de cada personagem”, afirma. A executiva da produtora El Deseo, fundada pelo diretor, veio ao Brasil para uma palestra no Rio2C (Rio Creative Conference), na capital carioca, no último dia 28.

O filme mais recente de Almodóvar, O Quarto ao Lado, toca em temas delicados como morte e eutanásia. “Quando questões transcendentais são levantadas, há uma vontade de levá-las a fundo. Essa é uma postura política. Sinto que temos essa obrigação como produtores e criadores”, diz.

“O cinema tem o poder de curar. Às vezes é muito difícil criar diálogos de forma intelectualizada sobre grandes questões, mas, quando você vê em uma tela, questiona as coisas. O cinema está faz um trabalho, quase político, de mobilização”, acrescenta.

Confira a entrevista a seguir.

Pedro Almodóvar tem um olhar especial para personagens femininas e suas complexidades. Você contribui para isso de alguma forma?

Para Pedro, a vida é sua inspiração. Então, as mulheres que cercam Pedro são, de certa forma, um pouco de cada personagem. Especificamente, a personagem Lola em Ata-me! (1989), interpretada por Loles León, foi inspirada em mim. Mas nunca é só em uma pessoa, é sempre a soma de outros personagens ou outras pessoas ao seu redor que formam parte da definição dos personagens.

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O que mais te fascina nas personagens?

Várias coisas. Acho que o mais interessante é como o enredo é absorvido pela sua maneira de ver a vida. Ele as transforma em personagens simples, ou sofisticadas, ou intelectualmente muito poderosas. Todas essas personagens, das mulheres sobre as quais ele fala, são as que têm mais humanidade e um certo grau de verdade, que é o que me comove.

Que filmes de Almodóvar foram os mais difíceis?

Os primeiros foram mais difíceis. Não tínhamos dinheiro. Mas quando estávamos fazendo, as dificuldades não importavam, pois tínhamos a paixão, a juventude e o desejo de contar… Especificamente, A Lei do Desejo (1987) foi um filme muito arriscado em termos do que contava. Era difícil para um público ou para uma Espanha tão retrógrada como a daquela época ver um filme tão à frente de seu tempo e entendê-lo. Mas aconteceu e mudou a vida de muitas pessoas.

Como Pedro é como pessoa?

Pedro é um trabalhador esforçado, uma pessoa que dedica todo o seu tempo ao cinema. Quando não está escrevendo, está ouvindo música, visitando museus, lendo romances, assistindo a outros filmes. Ele é uma pessoa que está constantemente aprendendo para o seu próximo projeto. É muito, muito esforçado. Ele não tem nenhuma peculiaridade, nenhuma mania. Só não gosta de acordar e começar a trabalhar muito cedo pela manhã.

Os filmes de Pedro tocam em assuntos sensíveis, como a eutanásia. Acha que cabe ao cinema gerar esses debates?

O cinema tem o poder de curar. Mesmo que seja apenas para debater. Às vezes é muito difícil criar diálogos de forma intelectualizada sobre grandes questões, mas, quando você vê em uma tela, questiona as coisas. O cinema está faz um trabalho, quase político, de mobilização Quando questões transcendentais são levantadas, há uma vontade de levá-las a fundo. Essa é uma postura política. Sinto que temos essa obrigação, como produtores e criadores.

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O cinema é político?

Acredito que viver é político. Todas as atitudes levam a uma posição política. Existe um cinema claramente e decididamente político, no qual a política está muito presente. Mas acredito que nenhuma história pode evitar a política, não pode evitar sua posição. E é assim que deve ser. Vivemos como somos e somos pessoas políticas. Portanto, além de haver um cinema especificamente político, em todas as histórias há uma posição.

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