Nova animação da Pixar, ‘Elio’ é mistura de ‘Luca’ com ‘Lilo & Stitch’
Filme conta narrativa, com atmosfera queer, de menino obcecado por alienígenas, que é abduzido

Prepare-se para se emocionar com mais um filme da Disney Pixar. A receita de Elio, dirigido por Madeline Sharafian, Domee Shi e Adrian Molina, dá uma noção de seu sucesso: um pouco de Luca (2021), uma porção generosa de Lilo & Stitch (2002) e uma pitada de Alien, O Oitavo Passageiro (1979) — não tão literalmente, claro.
Esses ingredientes criam uma aventura mágica e facilmente identificada por pessoas queer. É uma história de insatisfação com a vida na Terra e a vontade de viver algo maior e diferente do cenário à sua volta.
Elio (dublado em inglês por Yonas Kibreab) é um menino que sofre um trauma quando os pais morrem em um acidente trágico. Sob os cuidados da tia, Olga (Zoë Sadaña), sente-se deslocado e malquisto.
O interesse por alienígenas e espaço sideral vira uma válvula de escape e ele recorre ao envio de sinais para fora do planeta, na expectativa de ser abduzido e se sentir pertencente.
Ninguém acredita nele, mas o esforço surte efeito. O garoto é transportado para o Comuniverso, uma organização interplanetária que abriga representantes de galáxias de todo o universo.
No entanto, é erroneamente interpretado como embaixador da Terra e precisará forjar habilidades diplomáticas quando um inimigo, Lorde Grigon (Brad Garrett), compra uma briga contra os novos colegas. Para fazer parte da organização, ele deve se provar e chegar a um acordo.
No meio do caminho, cria amizade com o filho do vilão, Glordon (Remy Edgerly), uma espécie de larva extraterrestre desajeitadamente carismática. Elio terá que conciliar as vontades de todos e descobrir quem realmente é.
O estilo da animação é deslumbrante. O filme emociona, com um desenvolvimento interessante e final imprevisível, o que é um grande feito para animações da Disney.
Só não vai mais longe por evitar tocar explicitamente em assuntos como, justamente, a questão queer. Acaba dependendo da bagagem de cada espectador ao assistir.
O diretor Adrian Molina, que é gay, deixou o projeto em agosto do ano passado. Soa como uma contradição, como se a Disney estivesse preocupada com a recepção das audiências que vilaniza.
A Pixar passa por grandes dilemas após as frustrações com as estreias de animações na pandemia e dois adiamentos do lançamento de Elio. A obra estava prevista para março de 2024 e passou por mudanças (Olga era a mãe na primeira versão, a abdução seria acidental e Grigon, apenas um alívio cômico), com o objetivo de agradar um público amplo.
A estreia mudou ainda de 12 para 19 de junho para não competir com Como Treinar o Seu Dragão.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 20 de junho de 2025, edição nº 2949