‘Continente’ é terror autêntico com direção brilhante de Davi Pretto
Filme premiado no Festival do Rio chega aos cinemas com clima obscuro de mistério
A tensão e o medo do desconhecido imperam no terror nacional Continente. Após ganhar o prêmio de direção no Festival do Rio, o filme de Davi Pretto entra em cartaz com uma narrativa assombrosa e dominada pelo mistério.
No longa, Amanda (Olívia Torres) retorna para sua casa em uma vila no Sul do país, afastada dos grandes centros, após passar 15 anos morando no exterior, onde conheceu o namorado francês Martin (Corentin Fila).
Lá, reencontra o pai, dono da fazenda local, em seu leito de morte. O mau estado do fazendeiro gera instabilidade entre os moradores da região. Única médica do vilarejo, Helô (Ana Flavia Cavalcanti) sofre pressão para cuidar do enfermo.
Um sentimento coletivo obscuro e inexplicável de descontentamento toma conta do povoado e escala quando o senhor vem a óbito e o grupo reage de forma perturbadora. Os três se veem obrigados a negociar um acordo feito antigamente entre o proprietário e os locais.
A direção e a estrutura do filme são peças fundamentais para construir o clima de tensão. Em sintonia com o tom da trama, o elenco também performa à altura.
A diferença entre as origens e heranças de cada personagem cria um mistério e reflexão com base no fator estrangeiro. A apreensão vem de forma orgânica e genuína, sem a necessidade de criar muletas e recorrer aos típicos elementos do terror.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 8 de novembro de 2024, edição nº 2918