‘A Semente do Fruto Sagrado’ deixa disputa acirrada para o Brasil no Oscar
Filme do iraniano Mohammad Rasoulof, que foi perseguido e se exilou do país, é um chamado por revolução, com imagens reais de protestos

Um dos grandes concorrentes do Brasil na disputa do Oscar de melhor filme internacional é A Semente do Fruto Sagrado, do iraniano exilado Mohammad Rasoulof. Diante da qualidade técnica, do enredo e da história do diretor nos bastidores, a competição está acirrada mesmo.
O cineasta fugiu do Irã após ser perseguido pelo ativismo contra o regime de Teerã. A produção é, na verdade, a aposta da Alemanha, onde o diretor mora.
A narrativa segue Iman (Missagh Zareh), um juiz de instrução recém-promovido, em meio a um conflito político, com rebeliões populares e ações autoritárias. A esposa, Najmeh (Soheila Golestani), tenta preservar a harmonia no núcleo familiar e ordena que as filhas, Rezvan (Mahsa Rostami) e Sana (Setareh Maleki), respeitem costumes tradicionais, como o uso do hijabe.
No entanto, o embate externo reflete dentro de casa, quando a arma do juiz desaparece. A suspeita das três revela um lado misógino do sujeito.
As linhas entre ficção e realidade se borram, quando são apresentadas imagens reais de protestos. Uma máxima prevalece: o chamado do diretor por mudança e revolução.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 10 de janeiro de 2025, edição nº 2926