‘A Garota da Agulha’ é espetáculo sádico sobre história real macabra
Representante da Dinamarca ao Oscar de melhor filme internacional é dirigido por Magnus von Horn e ambientado em pós-guerra sombrio

Há um tipo de experiência cinematográfica devastadora, tão imersiva e cruel que é capaz de fazer o espectador sentir dor e angústia. É o caso de A Garota da Agulha, concorrente da Dinamarca ao Oscar de melhor filme internacional, disponível na Mubi.
O diretor Magnus von Horn cria um verdadeiro espetáculo do sofrimento, em estilo gótico e com dilemas morais, a partir da vivência de uma mulher à deriva.
Em um mundo sombrio, pós-Primeira Guerra Mundial, Karoline (Victoria Carmen Sonne) luta para sobreviver em Copenhague. Com o sumiço do marido soldado, é obrigada a procurar emprego, começa a trabalhar em uma firma de costura e se aproxima do diretor, Jørgen (Joachim Fjelstrup). Ela engravida, mas a família do sujeito não aprova o casamento.
Demitida, grávida e sem rumo, é acolhida por Dagmar (Trine Dyrholm) e ajuda a mulher, aparentemente generosa, a realizar a adoção clandestina de bebês. O ressurgimento do marido e a revelação de um segredo dão início a uma sequência sádica de acontecimentos macabros e trágicos.
Cada elemento afunda a protagonista ainda mais em um poço sem fim. Não há outra opção a não ser se horrorizar com a história, baseada em fatos reais.
Fotografia, design de produção, trilha e performances são estonteantes e geram um contraste com os horrores apresentados, na medida certa para impactar o público.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 14 de fevereiro de 2025, edição nº 2931