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Baseado em fatos, O Mauritano evidencia os efeitos do combate ao terrorismo

Comovente história narra a batalha de Mohamedou Ould Slahi pela liberdade; homem foi torturado por anos e acusado de participar dos ataques às Torres Gêmeas

Por Barbara Demerov
17 set 2021, 06h00
A imagem mostra uma mulher de cabelos brancos, apoiada em uma porta e olhando com desconfiança para frente.
O Mauritano: história real de homem torturado pelos EUA (Divulgação/Divulgação)
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O Mauritano, indicado ao prêmio Bafta (Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão), entrou no Telecine no sábado (11). A data não poderia ser mais apropriada, uma vez que a história, baseada em fatos, narra a incessante batalha de Mohamedou Ould Slahi (interpretado por Tahar Rahim).

O homem, nativo da Mauritânia, foi levado para um campo de detenção em Cuba em 2002 e lá permaneceu até 2016. Os EUA o torturaram com a convicção de que ele estaria envolvido nos ataques às Torres Gêmeas, em Nova York, mas Slahi nunca foi acusado por nenhum crime.

O filme, dirigido por Kevin Macdonald, traz Jodie Foster no papel da advogada Nancy Hollander, que aceita o fardo de defender Slahi em meio aos desafios enfrentados ao longo de catorze anos. Nancy entende que a lei suprema deve ser seguida e, apesar de o homem ser visto como um inimigo de seu país, nunca abandonou o caso.

O Mauritano possui uma estrutura convencional, mas a força da trama se encontra nos recortes reais que escolhe abordar. Ao se aprofundar na rotina desesperadora e sem escapatória de Slahi, a narrativa extrai uma ótima atuação de Rahim. A figura que interpreta fez questão de reclamar sua inocência aos seus opressores — ao mesmo tempo que nunca demonstrou sede de vingança. Um relato de horror sobre os efeitos colaterais que a tentativa promovida pelos EUA de combate ao terrorismo criou.

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Publicado em VEJA São Paulo de 22 de setembro de 2021, edição nº 2756

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