‘Folhas de Outono’: a beleza do amor em meio à guerra
Filme venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2023 e será lançado nos cinemas em 30 de novembro
✪✪✪✪ Folhas de Outono, novo filme de Aki Kaurismäki (O Outro Lado da Esperança), é uma história perfeita para aqueles que acreditam que o amor pode nascer em qualquer situação.
No caso desta trama sensível e com humor em uma dose mínima, mas certeira, a narrativa se desenrola em Helsinque, na Finlândia. Durante a estação do ano que ganha o título do filme, uma mulher e um homem se conhecem ao acaso em um karaokê.
A partir daí, eles tentam se encontrar mais vezes, mas alguns pequenos desafios aparecem pelo caminho. O homem perde o papel que continha o contato da moça, o que atrasa o desenvolvimento de um possível romance.
Enquanto isso, Kaurismaki filma o trivial e constrói um entorno melancólico, marcado pela guerra da Ucrânia. De lugares diferentes, os dois personagens ouvem no rádio as notícias de bombardeios e mortes enquanto tentam seguir com suas vidas.
Não fosse por esse pano de fundo atual e realista, Folhas de Outono seria um típico romance que desafia seus personagens principais, enquanto os secundários ficam como responsáveis por piadas que tiram a nuvem de incertezas e preocupações — mesmo que por alguns segundos.
Mas a tristeza explícita nas faces de Ansa (Alma Pöysti) e Holappa (Jussi Vatanen) toma conta dos ambientes por onde eles passam. Ele luta contra o alcoolismo, enquanto ela luta contra a solidão e dificuldades financeiras. Juntos, essa vida de batalhas pode ser mais leve – especialmente em uma época do ano em que as folhas caem para dar espaço para outras nascerem.
Ansa e Holappa são duas pessoas bem diferentes uma da outra que passam a nutrir um carinho mútuo e natural. E o amor, aqui representado por olhares e gestos delicados, é a melhor válvula de escape que eles poderiam encontrar.
Filme visto na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.