Empadinha: encontramos a delícia proibida escondida na praia de Santos
Com um lenço bordado preso na cabeça e um jaleco branquinho um pouco molhado por causa do suor provocado pelo calor quase insuportável registrado por volta das 12h, uma senhora no auge dos seus 65 anos caminha pelas praias de Santos segurando um pote de plástico escondido embaixo de um pano de prato estampado com […]
Com um lenço bordado preso na cabeça e um jaleco branquinho um pouco molhado por causa do suor provocado pelo calor quase insuportável registrado por volta das 12h, uma senhora no auge dos seus 65 anos caminha pelas praias de Santos segurando um pote de plástico escondido embaixo de um pano de prato estampado com flores. Aos poucos, a movimentação na areia começa. “É ela?”, questiona uma banhista eufórica. “Acho que sim. Está um pouco longe, mas vou correr para não ficar sem”, responde um rapaz entusiasmado. Rapidamente, ele recolhe o dinheiro e sai em disparada. Ao ser abordada, ela primeiro olha para os dois lados para verificar se não está sendo observada, antes de retirar a tampa e entregar uma delícia proibida nas areias da cidade do Litoral Sul paulista: a empadinha.
+ Ambulantes clandestinos vendem “pau de selfie” na Riviera
Diferentemente de outros municípios, onde porções fartas podem ser servidas em mesinhas de plástico postadas embaixo do guarda-sol, em Santos as regras são rígidas quando o assunto é alimentação na praia. Os comerciantes credenciados são proibidos de vender determinados produtos, ficando restritos a opções como milho e pastel, além dos carrinhos de bebidas e, até mesmo, açaí e sorvetes. A preocupação da prefeitura é válida. Afinal, alguns alimentos estragam facilmente e exigem uma conservação rigorosa e adequada, o que é difícil controlar com tantos fatores preocupantes, como a areia, a água do mar, o manuseio e até mesmo o sol forte. Mas, com tantos banhistas famintos que não querem apelar para a tradicional farofa com frango, é nesse cenário que surgem os “proibidões” das iguarias.
+ Tuk-tuk customizado vende paletas mexicanas em Juquehy
O camarãozinho frito e os lanches naturais também formam o grupo dos clandestinos. Entretanto, é a empadinha que é disputada entre os frequentadores atentos com a movimentação discreta desses ambulantes pela areia. Por conseguir carregar apelas um pote, a senhora rapidamente vende as trinta ou quarenta unidades recheadas com franco, palmito e, até mesmo, carne seca. Independentemente do sabor, o valor é igual: 4 reais a unidade. “A fiscalização é forte. Mas o povo deseja a empadinha e eu preciso ganhar o meu dinheirinho honesto.”
+ Bares de praia para tomar sol e cerveja no litoral Norte
A ambulante não é a única vender o produto. Alguns poucos comerciantes cadastrados arriscam e fornecem a delícia proibida, agradando os clientes e lucrando um pouco mais. Se flagrados pela fiscalização intensa, são autuados e podem até mesmo perder a licença. Por isso, todo cuidado é pouco!
+ Sete restaurantes para comer meca santista
Para os banhistas conhecidos, eles avisam que a iguaria chegou. “Vai querer empadinha hoje? Está quentinha, mas só tem de palmito. Não posso reservar. Então, passa lá e pega rapidamente as suas ou vai ficar sem”, diz a vendedora. Já os principiantes na arte da degustação do salgado na areia precisam observar o produto que começa a circular entre as rodas de amigos e, com coragem, perguntar para o comerciante: “É empadinha? Se for, vou querer”.
+ Hostels no litoral paulista para uma hospedagem barata
Atenta, a vendedora se afasta um pouco do carrinho, vai até o local onde o produto está armazenado (normalmente em um pote escondido em um isopor ou em uma sacola térmica) e entrega a delícia. “Não gosto de comer fritura na praia. Agora, vou conseguir aguentar um pouco mais antes de sair da praia para almoçar”, comemora o freguês satisfeito. “Eu fiz também cuscuz. É gostoso. Quer provar? Mas o pessoal quer mesmo as danadas das empadinhas”, diz a comerciante.