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Por uma recreação sem gritos

Bastam alguns minutos em uma festa infantil daquelas super animadas para o desespero começar a bater. Os “tios” e “tias” contratados pelos pais ou pelos bufês conclamam as crianças aos urros para participarem das mais diversas atividades. Está instaurado o caos sonoro. Não raro, os gritos são maiores que as propostas. “Quem quer brincaaaaaar?”, “quem […]

Por VEJASP
Atualizado em 26 fev 2017, 21h57 - Publicado em 19 Maio 2014, 11h34
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Crianças participam de recreação com uso de tecidos (Foto: Tati Abreu/Studio Barbarella)

Bastam alguns minutos em uma festa infantil daquelas super animadas para o desespero começar a bater. Os “tios” e “tias” contratados pelos pais ou pelos bufês conclamam as crianças aos urros para participarem das mais diversas atividades. Está instaurado o caos sonoro.

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Não raro, os gritos são maiores que as propostas. “Quem quer brincaaaaaar?”, “quem que brincar dá um gritôôô”, “mais altooôô”, “quem quer brincar põe o dedo aquiiiii”.  As crianças, todas muito excitadas, gritam de volta, correm e a brincadeira de verdade parece que nunca chega – cria-se uma agitação tamanha que a atividade por vezes fica presa nessa movimentação de estimular e depois tentar conter as crianças em frenesi.

E então o tio Geleca e a tia Catchup chamam para que todos se reúnam em volta da mesa, onde se assumem como porta-vozes daquele momento entoando um parabéns diferente do tradicional e que ninguém sabe direito cantar junto. Sempre saio desses encontros meio desnorteada, ainda tentando conter meus filhos diante de tanto estímulo, e me pergunto se é essa ou é a minha ideia de diversão que está meio fora de moda. Não é culpa do tio Geleca ou da tia Catchup, esse modelo frenético de recreação é o padrão e vem se repetindo há anos em festinhas em hotéis fazenda.

Mas, para a minha (nossa?) alegria, existem alguns grupos que trabalham com outro tipo de proposta recreativa. Com brincadeiras de rua, atividades manuais, caça ao tesouro, roda de violão. Sem grito, sem frenesi e, bem importante também, que as crianças curtem muito.

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A turma mais competente que trabalha neste estilo e que conheci há cerca de dois anos é a Recreart. Tocada por jovens formados ou estudantes de pedagogia, o grupo faz um trabalho muito bom, com calma, atenção e estímulos lúdicos. Fiquei encantada de ver as crianças nesta recreação resgatando brincadeiras de rua das antigas, como Rio Vermelho (queremos passar pelo rio vermelho/só se tiver uma cor/que cor? Quem não brincou?).

Outro grupo que desenvolve uma recreação muito acertada é o Madri, que durante muito tempo eu achava que atuava só com o teatro infantil. Nas atividades usam materiais como tecidos, bambolês, cordas e as vezes desenvolvem brincadeiras que têm a ver com o tema da festa.

Também já ouvi falar, mas nunca estive em uma festa com eles, de um grupo de adolescentes da Escola da Vila que tem um trabalho bem bacana de recreação para crianças menores. Fiquei bem curiosa, achei interessante os jovens terem essa iniciativa empreendedora e acho mesmo que os menores sempre ficam fascinados com adolescentes. Se levam jeito e são pacientes, deve ser uma graça de recreação. Ainda mais se for sem grito como me disseram que é.

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