“Os booktubers são fundamentais na difusão de livros”, diz escritora Marisa Lajolo
Especialista em literatura infantil acaba de lançar 'A Irmã de Angelina', que aborda rivalidade entre filhos. Confira entrevista
Em seu novo livro, A Irmã de Angelina (Moderna, 32 págs, R$ 48,09), Marisa Lajolo imagina uma conversa entre uma irmã mais velha e outra mais nova, que ainda está na barriga da mãe. A escritora, crítica literária e professora do curso de Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie é uma das maiores estudiosas da literatura infantil brasileira e coleciona, além de títulos juvenis, biografias e releituras. Confira a entrevista:
De onde veio a inspiração para o livro?
Tenho dois irmãos menores e eles brigavam muito, então sempre vivi no meio desse conflito. Sempre achei que escrever uma história sobre isso seria interessante, que muitas crianças poderiam se identificar. Daí uma amiga, que tinha uma filha chamada Angelina, ficou grávida de outra menina. A irmã mais velha não gostava, dava tapas na barriga da mãe. Resolvi escrever e dar para ela ler. A menina amou, passou até a fazer carinho na barriga da mãe (risos).
Como tratar de assuntos delicados com crianças, como o ciúme, por meio da literatura?
Ler nos permite viver o papel de outras pessoas, independentemente se é literatura infantil ou adulta. Você experimenta, sem sequer sair de sua poltrona, situações humanas muito ricas. Acredito que qualquer tema deve ser contado de modo que a criança se identifique com a história. A partir do momento em que ela se identifica, deixo a cargo dela decidir que atitude vai tomar.
+Frutas e legumes ganham vida em novo livro de Pedro Bandeira; confira entrevista
Com a internet e as redes sociais, as crianças de hoje têm maior dificuldade em se concentrar na leitura?
Depende muito da criança, se ela está lendo um livro adequado à idade dela. Mas, de qualquer maneira, a mídia é fundamental em tudo isso. Os booktubers são fundamentais na difusão de livros também. Hoje, quase não se vê crítica literária em jornais e revistas. Ninguém chega no livro que está parado na estante. Por isso, eu mesma tenho pensado em usar mais as redes sociais para divulgar meus livros.
Publicado em VEJA São Paulo de 12 de julho de 2023, edição nº 2849