Do Bona ao Colaboraê: Anna Trea volta ao Brasil para lançar música nova
Entre o silêncio atento do Bona e a vibração coletiva do Colaboraê, Anna Trea faz da música uma ponte entre mundos
A primeira vez que vi um show de Anna Trea foi no Centro Cultural Rio Verde, em Pinheiros. Era uma daquelas noites em que São Paulo parece respirar junto com quem está no palco. Voz, violão, corpo e presença, e a prova do que ela costuma dizer: “Não é porque o show é voz e violão que precisa ser xoxo.”
A segunda vez foi no Bona, em Sumaré. Ali, o clima era outro: intimista, quase confessional. O terceiro show, no Blue Note, foi o da despedida.
Há seis anos, Anna vive em Barcelona. E há algo de coerente nisso. A cidade catalã, com seus becos, varandas e luz dourada, combina com a delicadeza solar que ela carrega na voz. Mas agora ela está de volta ao Brasil. E esse retorno tem nome e lugar: Sanha, sua nova música, será lançada no Colaboraê, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.
Curioso é que o Colaboraê tem a mesma alma que o Bona, ainda que vibrem em frequências diferentes. Ambos entendem que cultura não é só entretenimento, é encontro. No Bona, o show é sentado, o público ouve em silêncio, e o clima é de contemplação. As luzes são baixas, o serviço é discreto e o som de um copo tocando a mesa parece quase parte do arranjo. Já no Colaboraê, tudo acontece em pé: o corpo participa, a escuta é viva, atravessada por risadas, batuques e abraços.
São espaços que, cada um à sua maneira, funcionam como portos da música independente, onde novas ondas nascem antes de alcançar o grande público. Foi assim com diversos artistas independentes.
É simbólico que o retorno de Anna Trea aconteça justamente ali. O Colaboraê é o que o Bona seria se tivesse nascido à beira-mar: quente, generoso e de portas abertas. O Bona, por sua vez, é o Colaboraê que aprendeu a sobreviver à pressa paulistana sem perder a alma.
Para os paulistanos que desembarcam em Salvador para o Afropunk, maior festival de cultura negra do mundo, vale o aviso: o Colaboraê é esse mesmo espaço de troca, mas com dendê, com mar e com riso largo.
Anna Trea volta ao Brasil com Sanha, mas talvez o que ela esteja lançando, de fato, seja o reencontro. Entre países, palcos e públicos, ela reafirma o que esses espaços ensinam silenciosamente: a música é ponte. Em alguns lugares, quando a gente chega, fazem o mundo parecer mais perto.
Estou ansiosa para ouví-la em solo brasileiro depois de 6 anos.
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