“Flores do Oriente”
Por Miguel Barbieri Jr. Parece que o diretor chinês Zhang Yimou deixou de lado o exotismo das produções épicas, como “Herói” e “O Clã das Adagas Voadoras”. No fim do ano passado, foi lançado por aqui seu penúltimo longa-metragem, “A Árvore do Amor”, um belo romance ambientado na China da era Mao Tsé-tung, em meados […]
Por Miguel Barbieri Jr.
Parece que o diretor chinês Zhang Yimou deixou de lado o exotismo das produções épicas, como “Herói” e “O Clã das Adagas Voadoras”. No fim do ano passado, foi lançado por aqui seu penúltimo longa-metragem, “A Árvore do Amor”, um belo romance ambientado na China da era Mao Tsé-tung, em meados dos anos 60. Igualmente em registro realista, mas agora com tintas trágicas, Yimou traz à tona mais um momento histórico de seu país no drama “Flores do Oriente”. A trama desenrola-se durante a invasão militar japonesa da cidade de Nanquim, em 1937. O massacre resultou na morte de cerca de 300.000 civis, além do estupro de mulheres e crianças. Inspirada no livro 13 Flowers of Nanjing (título da edição chinesa), de Yan Geling, a fita representou a China no último Oscar de melhor filme estrangeiro, mas ficou fora da disputa. Em enérgica direção, Yimou dá conta de relembrar o episódio da ocupação dos japoneses nos primeiros estonteantes minutos. Em seguida, foca os personagens.
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Christian Bale interpreta John Miller, um coveiro americano pego de surpresa em meio a tiroteios e explosões. Para sobreviver ao extermínio, ele se passa por padre e consegue refúgio numa igreja católica, território neutro no combate. Embora falso e oportunista, Miller vira zelador de um grupo de estudantes religiosas. A situação beira o caos quando treze prostitutas exigem abrigo, e Miller, encantado pela líder delas (a linda estreante Ni Ni), joga seu charme de cafajeste para levá-la para a cama. O realizador mostra os japoneses com a mesma brutalidade dos nazistas. Falta-lhe ainda um pouco de sutileza na transformação do protagonista: de beberrão mau-caráter a herói das oprimidas. A história, porém, sustenta o interesse do começo ao fim — nem dá para sentir suas mais de duas horas de duração. Os conflitos entre as meninas virgens e as abusadas cortesãs rendem momentos menos pesados. No terço final, uma inesperada reviravolta traz ingredientes para comover a plateia. Esse não é o melhor filme dos 25 anos de carreira de Yimou. Contudo, a iniciativa de abandonar a fantasia para abraçar a realidade mostra-se, por enquanto, favorável.
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AVALIAÇÃO ✪✪✪