“A Dançarina e o Ladrão”
Por Miguel Barbieri Jr. O ator argentino Ricardo Darín é um nome tão conhecido dos brasileiros que a maioria de suas fitas lançadas aqui vira sucesso. Foi assim desde “O Filho da Noiva” (2001) até “Um Conto Chinês” (2011). Fazer páreo ao astro portenho não parece tarefa fácil. Mas há exceção: Abel Ayala, protagonista ao […]
Por Miguel Barbieri Jr.
O ator argentino Ricardo Darín é um nome tão conhecido dos brasileiros que a maioria de suas fitas lançadas aqui vira sucesso. Foi assim desde “O Filho da Noiva” (2001) até “Um Conto Chinês” (2011). Fazer páreo ao astro portenho não parece tarefa fácil. Mas há exceção: Abel Ayala, protagonista ao lado de Darín de “A Dançarina e o Ladrão”. À época das filmagens, em 2008, o rapaz tinha apenas 20 anos e já mostrava potencial de um Davi para roubar a cena desse Golias do cinema latino-americano. Também argentino, Ayala ganhou o prêmio de revelação dos críticos de seu país no primeiro trabalho, El Polaquito (2003). Quatro anos depois, interpretou o jovem Maradona numa biografia do craque. Dirigido pelo espanhol Fernando Trueba, seu novo longa-metragem foi inspirado no livro “O Baile da Vitória”, do chileno Antonio Skármeta, autor do romance que deu origem a “O Carteiro e o Poeta” (1994). Nesta trama, ambientada no Chile do fim da década de 90, quando o ditador Augusto Pinochet se refugiou em Londres, Ayala vive Ángel Santiago e Darín, Nicolás Vergara Grey. Ambos saem da cadeia no mesmo dia e com propósitos distintos. Nicolás, notório assaltante e espécie de herói para os chilenos, quer apenas reencontrar a família e refazer a vida. Ángel, um ladrãozinho pé de chinelo com energia e insistência invejáveis, tenta convencê-lo a participar do roubo de uma grana preta pertencente a Pinochet. Enquanto isso, o moço se encanta pela dançarina muda e órfã Vitória (Miranda Bodenhofer). Trueba ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1993 por “Sedução” e, em 2009, “A Dançarina e o Ladrão” foi escolhido pela Espanha para concorrer ao mesmo prêmio. Em narrativa fluente, o realizador mistura gêneros em proposta curiosa, porém não totalmente satisfatória. Enquanto drama político, a trama traz pontos de interrogação. Sua sobrevivência vem através do doce romance e da ágil aventura, sempre mais críveis e interessantes. Se Darín apenas cumpre o contrato e Miranda Bodenhofer só mostra talento (e olhe lá) como bailarina, o drama tem em Ángel e em seu intérprete um trunfo surpreendente.
AVALIAÇÃO ✪✪✪
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