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Bob Fonseca - Cerveja na Mesa

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Cinco dicas para um bom duelo cervejeiro

Das “louras geladas” a receitas bem mais complexas, uma das melhores maneiras de comparar cervejas – e, eventualmente, escolher uma melhor – é o duelo copo a copo. Sem a subjetividade de memórias afetivas de quem prefere um ou outro rótulo, nem o impacto da degustação mais recente, colocar duas ou mais fermentadas lado a […]

Por VEJA SP
Atualizado em 26 fev 2017, 21h13 - Publicado em 13 ago 2014, 17h51
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Sem firulas, um duelo lado a lado entre Stone e Dogfish na mesa de jantar

Das “louras geladas” a receitas bem mais complexas, uma das melhores maneiras de comparar cervejas – e, eventualmente, escolher uma melhor – é o duelo copo a copo. Sem a subjetividade de memórias afetivas de quem prefere um ou outro rótulo, nem o impacto da degustação mais recente, colocar duas ou mais fermentadas lado a lado e avaliar seus pontos fortes e fracos é uma tarefa longe de ser chata, e que não necessariamente exige esforços além de erguer os copos e sentir aromas e sabores.

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Esta semana, vi um colega cervejeiro de Facebook comparar as Belgian Dark Strong Ales – como sugere o nome, cervejas da escola belga escuras e com alto teor alcoólico – St. Bernardus 12, Struise Pannepot e Westvleteren 12, as três disponíveis para venda no Brasil. Pouco depois, abrindo a geladeira de casa em Cambridge (EUA), vi que tinha duas das mais conhecidas American India Pale Ales locais, a Stone IPA e a Dogfish Head 60 Minute IPA. Infelizmente, nenhuma disponível em território brasileiro. Resolvi fazer um duelo das duas, enquanto pensava em como deveria ser o regulamento para este tipo de comparação. Me vieram à mente as dicas abaixo:

1) Cada um no seu estilo: não dá para comparar uma Pilsen alemã com uma Stout de inspiração irlandesa. Quer dizer, até dá, mas seria preciso ter na memória todas as características padrão dos dois estilos, que se tornariam a referência das duas na análise, e não a oposição de uma à outra. Isso pode ocorrer em definições de melhor cerveja do torneio em campeonatos oficiais. Mas, convenhamos, tiraria boa parte da graça de uma brincadeira caseira.

2) Saiba o essencial de cada estilo: embora não seja preciso decorar um manual inteiro sobre cervejas, alguns dados básicos são necessários. Por exemplo, uma American IPA deve apresentar um amargor bem mais destacado do que uma “loura” do dia a dia, por exemplo. Mesmo quem não gosta de amargo tem de considerar esse fator. Uma Weissbier, cerveja de trigo, terá mais gás (carbonatação) do que outros estilos, e, ainda que isso provoque em algumas pessoas a sensação de “estufamento”, não é um aspecto negativo. Uma consulta ao sommelier do bar ou loja onde as cervejas serão compradas – alguns locais já contam com o serviço na capital – ajuda a fazer as escolhas certas. Para quem tiver vontade de saber mais detalhes sobre cada estilo, um grupo de cervejeiros brasileiros traduziu para o português um guia norte-americano de diretrizes de estilos: você vai encontrá-lo aqui

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3) Disputa às cegas: nada de deixar rótulos à vista para influenciarem os participantes. Se possível, alguém terá de fazer o papel de “garçom”, levando os copos sem identificação a quem tomar parte da brincadeira. Um rodízio na função é salutar.

4) Copos e temperaturas iguais: a lógica é a mesma do jogo de futebol. Os atletas usam uniformes de materiais similares, chuteiras idem, jogam em partes do campo com as mesmas dimensões e usam bolas da mesma marca. Logo, as cervejas do duelo devem estar na mesma geladeira, por períodos de tempo similares. Devem ainda ser servidas ao mesmo tempo, da mesma forma e em copos iguais. O que pode ajudar uma ou outra é o mesmo que ocorre no futebol: jogar “em casa”, como as cervejas nacionais, ou não, como as importadas, que sofrem com o transporte e tempo de viagem.

5) O voto: a análise das cervejas pode ter vários critérios, sendo o mais simples “gostei/não gostei”. É possível ainda utilizar um item básico para definir a melhor, como amargor (caso das IPAs) ou aroma de banana e cravo (nas Weissbiers), embora outros fatores também pesem em cada estilo. Quem tiver mais disposição pode pegar papel e lápis e mesclar o “gostei ou não” com critérios como aparência, aroma, sabor e impressão geral.

A avaliação acaba quando todos os participantes dizem o que acharam das cervejas. Aí são apresentados os rótulos concorrentes – sempre há surpresas, pode ter certeza disso, em especial nos duelos com muitas cervejas. No caso da minha competição entre Stone e Dogfish, a primeira levou a melhor, por mostrar um amargor mais incisivo e ser um pouco mais seca. Produzida mais perto de onde estou – em Milton, Delaware -, por outro lado, a Dogfish mostrou espuma de formação mais abundante e duradoura e bom aroma de lúpulo cítrico, que, contudo, não permaneceu tanto tempo quando o da Stone.

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