Cervejas em aeroportos ainda não “decolaram” por aqui
Belchior que me perdoe, mas não tenho medo de avião nem preciso segurar na mão do passageiro da poltrona ao lado quando embarco em um voo. Mas o “gole de conhaque” sugerido na letra da música do cantor me fez pensar que, antes de ficar horas esperando no aeroporto e, depois, espremido na classe econômica, […]
Belchior que me perdoe, mas não tenho medo de avião nem preciso segurar na mão do passageiro da poltrona ao lado quando embarco em um voo. Mas o “gole de conhaque” sugerido na letra da música do cantor me fez pensar que, antes de ficar horas esperando no aeroporto e, depois, espremido na classe econômica, seria bom degustar uma boa cerveja para viajar mais relaxado. O problema é que, em São Paulo, ainda é difícil que isso ocorra.
No Aeroporto Internacional de Guarulhos, por exemplo, só encontrei dois locais – o On the Rocks e o Balloon Café – que trabalham com uma marca artesanal brasileira, a Blondine, produzida atualmente em Curitiba (mas que terá fábrica no interior paulista), em quatro variedades básicas: Pilsen, Weiss, Pale Ale e Munich Dunkel. Já é alguma coisa, mas o aeroporto teve, no passado, variedade mais ampla. Antes havia, nas áreas de embarque, bares da Eisenbahn (com mais de uma dezena de rótulos próprios) e da Devassa, ambas marcas da Kirin, mas eles foram desativados.
Como comparação, passei no final de março pelo aeroporto internacional de Atlanta, o Hartsfield-Jackson, a caminho do Japão – viagem que renderá alguns dos próximos posts. Lá, a cervejaria local Sweetwater tem bares em dois dos terminais, sendo que, na minha visita, apenas um estava funcionando. À disposição dos clientes, seis torneiras da marca, com boas cervejas como uma American Pale Ale, Rye India Pale Ale (ou IPA feita com malte de centeio), Imperial India Pale Ale, uma potente Imperial Stout sazonal e até uma receita com framboesas. Os preços dos pints (cerca de 450ml) variavam entre 6,50 e 8 dólares. As 14 horas restantes de viagem, em uma poltrona do meio na classe econômica, foram parcialmente aliviadas pela degustação.
Também vi garrafas da Sweetwater em outros bares e lanchonetes do aeroporto, onde ainda era fácil encontrar a Samuel Adams – que tem um espaço próprio por lá – e outros rótulos importados manjados, como a Guinness. A alegria, porém, terminou no avião, onde a oferta de marcas se resumia a Heineken, Miller e companhia. Um colega que partiu de Atlanta para o Colorado em voo local na mesma época, contudo, teve mais sorte e pode degustar a Sweetwater a alguns milhares de pés de altura.
Já de volta à realidade brasileira, resta torcer para que o novo terminal internacional de Cumbica tenha mais pontos de venda de cervejas artesanais locais ou importadas, ou que se amplie a oferta nos pontos existentes. Certamente será mais fácil enfrentar eventuais atrasos munido de boas fermentadas no copo.