Cãozinho que ajudou dono a se curar de depressão é encontrado morto no Rio de Janeiro
O cãozinho Alf da raça galgo italiano que estava desparecido no Rio de Janeiro desde a terça-feira (11) foi encontrado morto no último domingo (16). O dono havia realizado uma campanha pelas redes sociais para tentar achá-lo. O analista de documentação Bernardo Bortolotti, que mora na capital fluminense, havia levado o cãozinho de estimação para caminhar pelas ruas do […]

O cãozinho Alf da raça galgo italiano que estava desparecido no Rio de Janeiro desde a terça-feira (11) foi encontrado morto no último domingo (16). O dono havia realizado uma campanha pelas redes sociais para tentar achá-lo.
O analista de documentação Bernardo Bortolotti, que mora na capital fluminense, havia levado o cãozinho de estimação para caminhar pelas ruas do bairro do Flamengo, quando o animal conseguiu se soltar da coleira e acabou fugindo.
O caso viralizou na internet, principalmente, por causa da história que envolve a relação entre o dono e o “magrelo” como é chamado carinhosamente por ele.
Bortolotti contou que Alf foi o seu primeiro pet e que quando o ganhou de presente estava passando por uma grave depressão. Após o primeiro contato com o novo companheiro, sentiu que sua vida iria mudar.
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“Estava há semanas sem querer sair de casa, sem querer ver a luz do dia e dormindo o dia inteiro. Não tinha vontade de viver e tinha emagrecido 10 quilos em poucos dias. Neste domingo [dia em que conheceu Alf], já estava sorrindo novamente. Sentei de frente para o Pão de Açúcar e ele ficou do meu lado olhando para a enseada quando a foto foi tirada. A vida voltava aos poucos a ser bonita”, escreveu Bortolotti no Facebook quando deu a notícia de que Alf havia sido encontrado sem vida, próximo ao Aterro do Flamengo, com sinais de atropelamento.
O momento citado por Bernardo ficou registrado (Foto: Reprodução/Facebook)
“Ironicamente, hoje durante uma maratona no Aterro, no gramado entre as pistas onde ocorria o evento, um casal viu um cachorro parecido com o Alf sem vida. Tinha sido atropelado. Quis ver para conferir se era ele mesmo. Foi a caminhada mais dolorosa que eu já fiz na minha vida. Era ele mesmo. Reconheci pela manchinha na patinha e pelo rabinho fino e comprido. Desabei”, relatou Bortolotti.
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O analista ainda agradeceu o apoio que recebeu durante os últimos dias e mandou um recado para todos que têm um melhor amigo: “Peço apenas um último favor, que abracem, façam carinho e beijem muito os seus cães hoje. A felicidade tem quatro patas e está bem ao lado de vocês“, escreveu.
Leia o relato completo de Bortolotti:
“Meu amigo magrelo partiu. Essa fotografia foi tirada em um domingo como esse e é bastante simbólica para mim. Estava há semanas sem querer sair de casa, sem querer ver a luz do dia e dormindo o dia inteiro. Não tinha vontade de viver e tinha emagrecido 10 quilos em poucos dias. Só quem já passou por uma depressão sabe como é difícil acordar e enxergar a vida como um nada. Nesse domingo já estava sorrindo novamente. Sentei de frente para o Pão de Açúcar e ele ficou do meu lado olhando para a enseada quando a foto foi tirada. A vida voltava aos poucos a ser bonita.
Ganhei o Alf de presente de aniversário. Para quem não sabe ele era um galguinho italiano. Magrelo, pelo curtinho, muito dócil e com muita energia. Chegou aqui em casa correndo e pulando em cima de tudo. Em princípio fiquei assustado, como com depressão iria cuidar daquele pestinha? Apesar de amar os cachorros, nunca tive um.
Era dono de primeira viagem. E não foi fácil, confesso. Era um pestinha. Destruiu meus DVDs, meus livros e acabou com o meu sofá. Se eu saía por quinze minutos quando eu voltasse era certo que alguma ele tinha aprontado. Mas eu nunca fiquei chateado com ele. Entendia que ele era filhote e tentava ensiná-lo a não fazer. E aos poucos ele foi aprendendo. Eu também.
Ter um ser totalmente dependente de você te faz se sentir importante. E isso durante uma depressão é fundamental. Estava fazendo tratamento com psiquiatra e analista, mas quem segurava a minha onda no dia a dia era o Alf. Ele era fissurado por brincar. Mas sempre com alguém. Comer? Que nada… Ele podia ficar horas e horas brincando de jogar e trazer a bolinha. Se ele falasse provavelmente diria: “Ei, não fica assim não, vamos jogar a bolinha que é mais legal!”. Ai de mim se não jogasse! Ele mordia minha calça e me chamava para jogar.
A brincadeira só parava quando eu estava totalmente cansado e escondia a bolinha. Aí ele deitava no meu peito e dormia enquanto eu via televisão. E assim as semanas foram passando e já tínhamos nos entendido completamente. Com seu jeito engraçado conquistou também minha família, meus amigos e minha namorada. Todos ficaram exaustos de tanto jogar a bolinha para ele. Era alegria pura.
E quando eu o levava para correr no aterro? Atração certa. Nenhum cachorro conseguia pegar ele. Corria, corria, corria e eu sempre atrás porque a extensão da guia não dava conta. Correr era o que fazia de melhor.
Na última terça-feira, fui caminhar com ele pela Marquês de Abrantes. A guia agarrou num poste e a coleira afrouxou o suficiente para ele se soltar. Tentei não assustá-lo e abaixei imediatamente esperando que ele retornasse para mim. Mas ele correu e muito. Desde ali tive a solidariedade das pessoas que tanto me encheu de forças. O trânsito parou, as pessoas desceram dos carros, saíram dos bares e do supermercado e tentaram pegar ele. Mas com sua agilidade toda ele fugiu. Eu fui atrás, primeiro correndo com outras pessoas e depois subindo na garupa de um motociclista. Mas como corria o galguinho. Estava muito assustado e fez o que sabe de melhor para se defender: correr. Até eu perdê-lo de vista.
Desde então, com muito carinho, muitas mensagens, orações, simpatias e pensamentos positivos e com muita boa vontade de muitos que perderam seu fim de semana para me ajudar, havia reencontrado forças para encontrar o meu magrelinho. Apesar de muito cansativo, foi muito bonito ter contato com tantas pessoas gentis comigo e com o Alf, seja no facebook, seja por telefone, seja pessoalmente com os moradores de rua, seguranças, garis, guardas, pms, veterinárias, comerciantes e protetores dos animais. Ter o meu drama abraçado por vocês e ter recebido tanto carinho e incentivo foi um grande alento para o meu coração apertado.
Ironicamente, hoje durante uma maratona no Aterro, no gramado entre as pistas onde ocorria o evento, um casal viu um cachorro parecido com o Alf sem vida. Tinha sido atropelado. Quis ver para conferir se era ele mesmo. Foi a caminhada mais dolorosa que eu já fiz na minha vida. Era ele mesmo. Reconheci pela manchinha na patinha e pelo rabinho fino e comprido. Desabei. Minha namorada e minha família chegaram. Também reconheceram ele. Desabaram também. Dói muito. Estamos arrasados. Não culpo ninguém pelo atropelamento. Ali é uma via expressa de alta velocidade e como ele era magrelinho provavelmente quem o atropelou nem percebeu. Foi uma triste sucessão de acidentes, infelizmente.
Fiquei nove meses com o Alf, tempo suficiente para ele me ajudar a curar a depressão. Foi um anjinho que só tinha amor e alegria para compartilhar. Transformou a minha vida completamente em muito pouco tempo. Devo muito a ele. Se a tristeza pela nossa separação agora é uma dor imensa, a alegria e a vontade de viver são marcas permanentes do meu curto encontro com o Alf.
Muito obrigado a todos vocês novamente por todo o carinho. Peço apenas um último favor, que abracem, façam carinho e beijem muito os seus cães hoje. A felicidade tem quatro patas e está bem ao lado de vocês.
Alf, meu querido amiguinho magrelo, te amo eternamente.”