Paulo Agulhari: “Os DJs amadores deixam o público mal acostumado”
Famoso por ter tocado em casas célebres, como Sogo, Clube Massivo, Ultralounge e The Week, o DJ Paulo Agulhari, especializado em house music, está comemorando 25 anos de carreira. Para celebrar a data, ele escolheu a festa FUN, da Bubu Lounge, onde é residente há oito anos. A balada rola hoje e terá shows das cantoras Nicky […]
Famoso por ter tocado em casas célebres, como Sogo, Clube Massivo, Ultralounge e The Week, o DJ Paulo Agulhari, especializado em house music, está comemorando 25 anos de carreira. Para celebrar a data, ele escolheu a festa FUN, da Bubu Lounge, onde é residente há oito anos. A balada rola hoje e terá shows das cantoras Nicky Valentine e Twiggy. Abaixo, ele comenta sua trajetória profissional.
Como avalia seus 25 anos de carreira?
Deixei a faculdade de engenharia para seguir esse caminho e não me arrependo de nada. Venho de uma época que a música era uma só em todos os lugares. No início dos anos 1990, tivemos várias vertentes da música eletrônica e os DJs acabaram se especializando cada qual em seu estilo e assim estamos até hoje entre os profissionais. Orgulho-me muito em dizer que sou um veterano na profissão e, quando olho pra trás, sei que faço parte da cena eletrônica brasileira com muito êxito. Já viajei o país todo tocando em diversos clubes e muitas festas.
Você sempre tocou muito em baladas gays. O que mudou na cena GLS em seus 25 anos de carreira?
Lembro-me que há alguns anos atrás os clubes gays eram sempre localizados em lugares discretos, sem filas na porta. Nos anos 1990, isso mudou com a chegada do lendário Clube Massivo na Alameda Itu, onde se formavam filas intermináveis. Quebraram-se muitas barreiras e hoje contamos com boates de grande porte como Bubu Lounge, The Week, Flex e a tradicional Blue Space que comportam mais de 1000 pessoas. Vejo casais heterossexuais no meio dos gays se divertindo sem preconceito algum. Falo isso porque toda sexta feira, na Bubu, onde sou DJ residente há oito anos, encontro um casal que vai e dança a noite toda perto da cabine de som.
O que melhorou e o que piorou?
A melhora veio com a qualidade dos serviços. A competitividade entre as casas gerou uma grande gama de festas com atrações internacionais. Os clubes se armaram com alta tecnologia em som e iluminação e promovem suas eventos sem deixar nada a desejar aos gringos. A piora fica com o oportunismo de quem se diz DJ e está apenas estragando a cena. Eu, particularmente, sempre procuro levar uma música diferente pro meu público. Claro que não podem faltar os grandes hits do momento em versões remixadas. Mas DJs amadores se armam apenas disso e acabam deixando o público mal acostumado a ouvir apenas hits e a noite gay sempre foi intitulada como melhor sempre pela boa música que promove. Sempre o diferente era encontrado nas mãos dos DJs de clubes gays. Isso é muito decepcionante.
Você se sente incomodado com essa vulgarização da profissão?
Sim, muito. É muito triste uma pessoa usar uma profissão tão bacana para se promover. Tenho como exemplo esses ex “reality shows” que para não desaparecer como fumaça acabam indo a festas tocar com sets prontos e ficam ali pagando de DJ banalizando nossa profissão. É o que eu sempre digo, para ser DJ é regra básica: ter amor pela profissão, “feeling” de pista, boa técnica, bom repertório e uma história com a música. Não existe um “meio” médico ou “meio” engenheiro. Assim como toda profissão tem que ser especialista no que faz, ter dedicação e não fazer por fazer.