Mostra na Casa Mário de Andrade revela a relação do poeta com o Carnaval
‘Eu Mesmo, Carnaval’ tem fotos inéditas clicadas pelo modernista e fantasias do enredo de 2024 da Mocidade Alegre, que o homenageou

A Casa Mário de Andrade, na Barra Funda, vai inaugurar, no dia 9 de novembro, a exposição gratuita Eu Mesmo, Carnaval, que explora a relação do modernista com a festa popular. O mote surgiu inspirado pelo enredo de 2024 da campeã do Carnaval paulista, Mocidade Alegre, que homenageou o poeta com Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país.
“O desfile focava nessa busca do Mário de Andrade pela construção de uma identidade nacional e, no meio da apresentação, existiam vários elementos que foram retirados dos carnavais que o Mário de Andrade viveu. O Carnaval é uma parte importante dessas suas pesquisas sobre a identidade nacional. Ele dizia que tanto as nossas virtudes enquanto brasileiros, quanto as nossas contradições estavam esboçadas no Carnaval”, explica o pesquisador da Casa Mário de Andrade, Arthur Major, que divide a curadoria da exposição com Fábio Parra, do departamento de comunicação e cultura da Mocidade Alegre.
O título vem de um dos versos do poema Carnaval Carioca, escrito por Mário em 1923, após viver o festejo na cidade. Em uma carta endereçada a Manuel Bandeira no mesmo ano, em cartaz na mostra, ele conta dessa sua experiência. “Ele tinha combinado de encontrar Manuel, mas acabou dando um bolo no amigo para ficar pulando Carnaval”, compartilha o curador.
Há ainda fotos de festejos carnavalescos relacionado à pesquisa de Mário, em São Paulo, feitas por Levi-Strauss, e Recife, feitas por Luis Saia, incluindo três inéditas clicadas pelo modernista em Pirapora do Bom Jesus, no interior paulista, conhecida pelo samba de bumbo.

Há também o texto Carnaval Ta Aí, um artigo publicado no jornal Diário Nacional, com críticas dos sucessos de Carnaval daquele ano, 1931. Ainda rememorando esse lado de sua produção, há uma “parede sonora” com músicas que embalaram carnavais, como Ai que saudade de Amélia, de Ataulfo Alves, e Baianinha, de Silvio Caldas, acompanhadas pelas respectivas críticas feitas pelo poeta.
“Outro destaque é um pequeno filme, feito em 38, que faz parte da Missão de Pesquisa Folclórica, uma iniciativa que o Mário de Andrade teve quando era diretor do Departamento de Cultura da Cidade de São Paulo, hoje a Secretaria Municipal de Cultura. Ele organizou uma comitiva de pesquisa que viajou até o Norte e o Nordeste fazendo registros de manifestações populares. Essa filmagem, que foi feita pelo Luis Saia, mostra o carnaval de Recife”, completa Arthur.
Do desfile campeão da Mocidade, ficam em exibição nove fantasias, com detalhes da confecção das peças, dos carros alegóricos e dos requisitos de julgamento, em diálogo com versos do samba-enredo espalhados pelo espaço expositivo. Uma área é dedicada, também, a contar a história da escola de samba.

A abertura, a partir das 13h, será com show de ritmistas da Mocidade Alegre. Uma semana antes, no dia 2 de novembro, às 11h, o espaço promove uma ação educativa sobre o tema da exposição. No dia 23 de novembro, às 16h, há uma palestra com o pesquisador Victor Palomo.
Casa Mário de Andrade. Rua Lopes Chaves, 546, Barra Funda. 3900-4270. Ter. a dom., 10h/18h (entrada até 17h30). Grátis. Até 31/5/2025. https://www.casamariodeandrade.org.br.