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‘Miragem’, na Galeria Pilar: entre o exato e o lúdico

Artista Rodolfo Borbel Pitarello dribla a geometria em obras em que os limites parecem mas não são certeiros

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 nov 2021, 06h00
Imagem mostra pintura de fundo verde-musgo com traços geométricos pretos, vermelhos e brancos sobre o fundo.
Golpe (2021): traçado geométrico que não serve à razão pura. (Adriana Moreno/Divulgação)
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Em Miragem, na galeria Pilar, Rodolfo Borbel Pitarello reúne dezoito pinturas, como Cruzul — Esculturas de Lama (2021). Nas obras, ele deixa a tinta sintética de lado para utilizar a têmpera, emulsão formada a partir da gema do ovo e pigmentos naturais, largamente utilizada na antiguidade e na arte italiana dos séculos XIV e XV.

Imagem mostra pintura com fundo rosa e elementos em formato de cilindro ou cone, brancos e esverdeados, pintados sobre o fundo.
Cruzul — Esculturas de Lama (2021): repetição e certa melancolia (Adriana Moreno/Divulgação)

Essa escolha, de acordo com a também artista Julia Cavazzini, que assina o texto crítico, pode ser mais bem compreendida a partir do desejo pela “transparência, toque e temporalidade de uma matéria viva”.

Também vale assinalar que, no conjunto, Pitarello alcança paragens muito distintas desde uma base comum: uma grade geométrica, na qual entrelaça figuras.

A partir dessa estrutura, o autor atinge diferentes diálogos. Pode chegar tanto a uma composição lúdica, que parece conversar de uma forma singular com obras da paulista Sandra Cinto, como há uma conversa com o bordado, a partir de linhas hesitantes, que trazem à mente o vai e vem da agulha e, lógico, a obra do cearense Leonilson (1957-1993).

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É importante ainda pontuar que a geometria não engole o artista, ele a maneja, com destreza e uma certa dramaticidade. Em Golpe (2021; capa), que de perto não tem nada de certeiro, vemos o gesto repetitivo e paciente na construção dos retângulos, que flertam com a tecelagem e têm um quê de melancolia na sobreposição de camadas.

Galeria Pilar. Rua Barão de Tatuí, 377, Santa Cecília, 98423-4005. Terça a sexta, 11h às 18h; sábado 11h às 16h. Grátis. → No sábado, as visitas devem ser agendadas por telefone. Até 4 de dezembro.

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