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Leda Catunda fala sobre sua nova exposição e cenário da arte contemporânea

Confira a conversa com a artista paulistana que estreou exposição ‘Fuera de Serie’ no Malba com colega argentina

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 fev 2021, 06h00
Leda Catunda posando em seu ateliê
A artista plástica Leda Catunda, em seu ateliê. (Léo Martins/Veja SP)
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A artista paulistana Leda Catunda integra a exposição Fuera de Serie com a argentina Alejandra Seeber no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba). Abaixo, confira a conversa sobre a mostra, a pandemia e o cenário da arte contemporânea no Brasil.

Qual era a primeira data para a realização da exposição Fuera de Serie, no Malba?

Era 27 março de 2020, mas ela foi suuuperadiada com a pandemia. A minha primeira sensação era que tudo bem, logo ela ocorreria. Então, houve a remarcação para julho, e, de novo, ela não pôde ser aberta. Agora, finalmente, ela foi inaugurada.

Esse adiamento alterou a estrutura da mostra?

Na verdade, ela ficou mais caprichada. Cada pintura tem uma parede especial. Eu exponho no térreo e a Alejandra no 1º andar, em salas voltadas para a arte contemporânea.

Você foi à abertura?

Não, participei da inauguração por uma conferência no Zoom. Estava cheia até, com 120 pessoas. Da montagem, também participei por conversas por celular. Estou louca para a quarentena acabar e eu poder ir lá e ver tudo ao vivo.

obra de arte Três Partes com Gota, de 2002, exposto no Malba
Três Partes com Gota (2002): no Malba (Fábio Ghivelder/Divulgação)

De que forma você acha que os seus trabalhos e os da Alejandra dialogam?

Não há coincidências formais muito evidentes entre os nossos trabalhos. O que mais nos une é que somos mulheres. E, pela perspectiva do curador, Francisco Lemus, temos atitudes independentes em relação à linguagem da pintura.

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Pode explicar melhor essa postura em relação à pintura?

Eu faço pintura-objeto, enquanto ela faz pintura sobre tela. Ela faz obras com enorme liberdade de escolha, muda os assuntos. É muito fiel a ela mesmo. Já a minha investigação é de uma pintura que não acontece na tela, que se dá em camadas, em um corpo quase que escultórico. Essa atitude perante a linguagem nos une.

Seu trabalho também é marcado pela busca de materiais mundanos. Como tem feito isso na pandemia?

O feng shui do ateliê está perfeito, porque sabe aquela coisa de você não poder deixar uma coisa parada? Eu revirei tuuudo. Sinto-me um pouco ecológica de estar reutilizando o que tenho. Mas agora o veludo acabou. Eu vou ter de ligar na 25 de Março e encomendar. Porque o pior que você pode fazer neste momento é ir lá. Tem uma lojinha no bairro também, estou fazendo uma “festinha” lá.

Você também é professora. De que forma vê essa geração atual de artistas com até seus 30 e poucos anos?

Tenho enorme admiração, porque eles já nasceram com um circuito profissionalizado. Comecei a trabalhar quando o circuito estava se profissionalizando. De seis galerias em 1982, agora temos mais de sessenta. Também gosto do direcionamento das pesquisas, politicamente envolvidas, com caráter de denúncia ou de exaltação de minorias, gays, mulheres, negros, japoneses.

E o que você acha que a gente não pode perder de vista na arte contemporânea?

A arte traz para a sociedade essa questão intuitiva, vamos buscar ali, aqui, vamos ser diferentes, vamos ser estranhos. Essa é a qualidade da arte contemporânea. Se não for assim, se for seguir pelo consagrado, eu seria, sei lá, impressionista. Mas o próprio Monet foi um estranho na sua época. Os compradores achavam estranho ele fazer três quadros no mesmo dia, de acordo com a luz que ia mudando. Em arte, o caminho que eu tenho de buscar é esse, o de acompanhar as mudanças.

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Publicado em VEJA São Paulo de 03 de março de 2021, edição nº 2727

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