Exposição no IMS tem fotografias de Jorge Bodanzky no período da ditadura
Fotografias e documentários refletem sobre os 60 anos do golpe militar pelas lentes do profissional
O Instituto Moreira Salles propõe uma reflexão sobre os 60 anos do golpe militar pelas lentes do fotógrafo e cineasta Jorge Bodanzky. Com curadoria de Thyago Nogueira, a exposição Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985 exibe fotografias, trechos de filmes, projeções em super-8 e reportagens televisivas.
O profissional registrou cenas em viagens por todo o país, em especial no Norte e Nordeste. As fotografias jogam luz não só sobre os centros urbanos, mas mostram outra realidade: a violência no campo e a devastação ambiental causadas pelas políticas desenvolvimentistas do governo autoritário.
Entre os sete longa-metragens produzidos por Bodanzky no período estão Iracema: uma transa amazônica (1974), com codireção de Orlando Senna, Jari (1979) e Terceiro milênio (1980), dirigidos em parceria com Wolf Gauer.
O artista teve que enfrentar a censura e a falta de financiamento para conceber as obras, que questionavam a ideia do progresso disseminada no período.
Bodanzky nasceu em São Paulo em 1942, em uma família de austríacos refugiados do nazismo. Cursou arquitetura na Universidade de Brasília, o que lhe proporcionou um convívio com intelectuais e artistas, como Athos Bulcão e Amélia Toledo.
Com o cerco da ditadura militar, em 1966, mudou-se para a Alemanha para estudar na Escola de Design de Ulm, sob orientação do cineasta Alexander Kluge. De volta ao Brasil dois anos depois, começou a trabalhar para as revistas Manchete e Realidade e a produzir as obras em exposição.
IMS Paulista. Avenida Paulista, 2424, ☎ 2842-9120. → Ter. a dom., 10h/20h. Grátis. Até 28/7. ims.com.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 29 de março de 2024, edição nº 2886