Eternamente vanguarda: Maria Martins ganha exposição no Masp
Celebrada no exterior, terá 45 de suas esculturas e gravuras no museu paulistano
Sempre volta a pergunta: “Por que Maria Martins não é tão celebrada no Brasil?”. A mineira, da cidade de Campanha, tem sua produção exibida de forma esparsa no país. A última exposição, em São Paulo, data de 2013, no Museu de Arte Moderna (MAM). Agora, o Masp, com curadoria de Isabella Rjeille, apresenta 45 obras, entre gravuras e esculturas. Maria teve seu trabalho elogiado entre os surrealistas e os dadaístas. André Breton (1896-1966), inclusive, escreveu o prefácio do catálogo de sua individual na Julien Lery Gallery, em Nova York. Ela também expôs junto com Mondrian (1872-1944) na cidade americana, em 1943.
Afora as validações internacionais, chama atenção a forma como Maria trabalha o bronze. Retorce, marca a carne dos personagens que cria, vide Uirapuru (1944), que nasce de sua aproximação com a cosmologia indígena. Quando a peça é lisa, polida, a tensão acaba. Mentira. Basta olhar para uma das versões de O Impossível (1940), a mais conhecida escultura de Maria. Ela nos convida a um embate, que congrega fúria, mas também desejo, tal qual o sexo (com consentimento) e uma conversa (quem sabe, né?). A outra versão da escultura, que tem “textura” distinta, também está na exposição. Nesta mostra, faltou “apenas” a terceira, parte do acervo do Museu de Arte de Nova York (MoMA).
> Masp. Avenida Paulista, 1578, ☎ 3149-5958. Quarta a domingo, 10h às 18h; Terça: 10h às 20h. R$ 50,00. Grátis às terças. Até 30 de janeiro.
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Publicado em VEJA São Paulo de 13 de outubro de 2021, edição nº 2759