Com desenhos, esculturas e pinturas, Itaú Cultural revisita produção de Tunga
Exposição também tem desdobramentos no Instituto Tomie Ohtake e propõe uma retrospectiva não linear da produção do artista, morto em 2016
![Desenho de traços pretos que lembram silhuetas humanas em um fundo branco.](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/12/23_Tunga.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=1000&h=627&crop=1)
Mais de 300 obras do artista pernambucano, morto em 2016, e um dos grandes nomes do cenário contemporâneo mundial na segunda metade do século XX compõem Tunga: Conjunções Magnéticas, em cartaz no Itaú Cultural, com desdobramentos também no Instituto Tomie Ohtake. No conjunto, é possível conferir trabalhos das séries Portal e Gravitação Magnética, entre outras.
![41_Tunga.jpg Um desenho de um homem e o que parece ser um lagarto ou lagartixa com traços pretos no pincel e fundo rosa salmão. A silhueta do homem parece abaixar-se para encostar no animal.](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/12/41_Tunga.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Diferentemente de mostras, voltadas exclusivamente para a produção dele e realizadas no Masp, em 2017, e na galeria Millan, em 2016, a exibição no Itaú tem montagem menos sóbria. No 1º andar — ao todo, são três pisos —, tem-se a impressão de estar em uma espécie de laboratório-ateliê de um artista-alquimista. “Talvez isso decorra do partido que tomei, é uma retrospectiva, mas não linear, onde desenhos e formas tridimensionais se encontram sem muito protocolo”, afirma o curador Paulo Venancio Filho, que conheceu Tunga na época da faculdade. Ambos cursaram arquitetura na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.
![01_Tunga.jpg Foto de Tunga, que aparece da cintura para cima. Ele é um homem branco, de cabelos grisalhos e usa um blazer azul marinho.](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/12/01_Tunga.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
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Para quem não conhece a produção do multiartista, que se radicou no Rio, uma possível entrada é pensar na ideia de decantação do corpo. Tunga, nascido Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, parece separar fluidos, membros e órgãos e depois remontá-los a seu bel-prazer, muitas vezes permeado do que se pode chamar de uma beleza sombria. Mas essa mesma beleza se transmuta e pode adquirir uma roupagem crua e sensual, que pode ainda ser acrescida de certo caos, que, mais do que bibliografia, pede que o visitante se deixe levar pelos pensamentos que povoam suas entranhas, sem se deixar paralisar por qualquer filtro.
![26_Tunga.jpg Obra de Tunga. A escultura é composta por pedras e tem formato retangular, está em pé na galeria. No meio dessa placa de pedras pretas, há um buraco, onde estão pendurados um cristal de quartzo, ferro e ímã.](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/12/26_Tunga.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
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“Antes de tudo, o Tunga foi um desenhista. Em 1974, na sua primeira mostra individual, só havia desenho. Ele não via essa linguagem como algo menor, estava no mesmo plano que as demais”, pontua ainda Venancio Filho, que em 1974 fez o projeto gráfico de um dos livros do artista, O Mar e a Pele, outro capítulo da parceria dos dois, esse com texto do crítico Ronaldo Brito. No Instituto Tomie Ohtake, outro braço da exposição, vale dizer, estará outra peça da série Gravitação Magnética, apresentada na 19ª Bienal de São Paulo, em 1987.
![39_Tunga.jpg Escultura de Tunga exposta na Bienal de SP. Trata-se de uma grande estrutura em forma de paralelepípedo preto, que encontra com o teto da galeria.](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/12/39_Tunga.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
![42_Tunga.jpg Desenho de uma silhueta humana e, ao lado, o que parece ser um lagarto ou uma lagartixa. Os traços foram feitos com pincel na cor preta e o fundo é rosa salmão. A silhueta indica uma pessoa sentada, com a cabeça entre as pernas dobradas.](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/12/42_Tunga.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, ☎ 2168-1777. Terça a domingo, 11h às 19h. Instituto Tomie Ohtake. Rua Coropés, 88, Pinheiros, ☎ 2245-1900. Terça a domingo, 11h às 20h. Grátis. Até 10 de abril. Classificação indicativa: 12 anos. ♿
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