Com desenhos, esculturas e pinturas, Itaú Cultural revisita produção de Tunga
Exposição também tem desdobramentos no Instituto Tomie Ohtake e propõe uma retrospectiva não linear da produção do artista, morto em 2016
Mais de 300 obras do artista pernambucano, morto em 2016, e um dos grandes nomes do cenário contemporâneo mundial na segunda metade do século XX compõem Tunga: Conjunções Magnéticas, em cartaz no Itaú Cultural, com desdobramentos também no Instituto Tomie Ohtake. No conjunto, é possível conferir trabalhos das séries Portal e Gravitação Magnética, entre outras.
Diferentemente de mostras, voltadas exclusivamente para a produção dele e realizadas no Masp, em 2017, e na galeria Millan, em 2016, a exibição no Itaú tem montagem menos sóbria. No 1º andar — ao todo, são três pisos —, tem-se a impressão de estar em uma espécie de laboratório-ateliê de um artista-alquimista. “Talvez isso decorra do partido que tomei, é uma retrospectiva, mas não linear, onde desenhos e formas tridimensionais se encontram sem muito protocolo”, afirma o curador Paulo Venancio Filho, que conheceu Tunga na época da faculdade. Ambos cursaram arquitetura na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.
+Prefeitura encerra contrato e fecha Mirante 9 de Julho
Para quem não conhece a produção do multiartista, que se radicou no Rio, uma possível entrada é pensar na ideia de decantação do corpo. Tunga, nascido Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, parece separar fluidos, membros e órgãos e depois remontá-los a seu bel-prazer, muitas vezes permeado do que se pode chamar de uma beleza sombria. Mas essa mesma beleza se transmuta e pode adquirir uma roupagem crua e sensual, que pode ainda ser acrescida de certo caos, que, mais do que bibliografia, pede que o visitante se deixe levar pelos pensamentos que povoam suas entranhas, sem se deixar paralisar por qualquer filtro.
+Bares e restaurante para a confraternização de fim de ano
“Antes de tudo, o Tunga foi um desenhista. Em 1974, na sua primeira mostra individual, só havia desenho. Ele não via essa linguagem como algo menor, estava no mesmo plano que as demais”, pontua ainda Venancio Filho, que em 1974 fez o projeto gráfico de um dos livros do artista, O Mar e a Pele, outro capítulo da parceria dos dois, esse com texto do crítico Ronaldo Brito. No Instituto Tomie Ohtake, outro braço da exposição, vale dizer, estará outra peça da série Gravitação Magnética, apresentada na 19ª Bienal de São Paulo, em 1987.
Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, ☎ 2168-1777. Terça a domingo, 11h às 19h. Instituto Tomie Ohtake. Rua Coropés, 88, Pinheiros, ☎ 2245-1900. Terça a domingo, 11h às 20h. Grátis. Até 10 de abril. Classificação indicativa: 12 anos. ♿
+Assine a Vejinha a partir de 6,90.