Bruna Maia, conhecida por suas tirinhas ácidas, ganha primeira exposição na Augusta
Em sua primeira mostra, 'Loca; Inestable', a artista protesta contra o estigma atrelado a pessoas neurodivergentes
Ana GarciaAmaAna GarciaBruna Maia ficou conhecida pelas tirinhas sobre situações comuns a muitas mulheres de 30 e poucos anos, que postava no Instagram @estarmorta, hoje sua conta de backup. São questões afetivas, sociais, de saúde mental e de gênero, pelas quais transita com humor e pegada moderninha, mas também com um tom de desesperança.
“Cinismo, uma característica dos millennials que já desistiram de sonhar”, comenta a artista rio-grandina que estreou sua primeira exposição, Loca; Inestable, na 9ª Arte Galeria.
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O título, tirado de uma pichação avistada em viagem a Montevidéu, tem viés de protesto frente ao estigma contra pessoas neurodivergentes (Bruna tem transtorno afetivo bipolar) e ao que denomina “loucurização” — uma força que categoriza como insanos os comportamentos de quem foge à norma.
A mostra traz trabalhos dos últimos cinco anos, entre eles o quadro A Iluminada, que brinca com referência cinematográfica para retratar a fuga de uma mãe escritora das amarras domésticas.
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As pinturas e tirinhas expostas utilizam caneta nanquim, marcadores e tinta acrílica, além do guache — este, usado em uma diversidade de autorretratos nus que tratam com delicadeza um corpo vivo, pulsante, introspectivo.
Depois da exposição, Bruna lança seu primeiro romance ainda este ano: Com Todo Meu Rancor, pela Editora Rocco, história de uma mulher que planeja se vingar do ex-namorado abusivo.
9ª Arte Galeria. Rua Augusta, 1371, loja 113 (Galeria Ouro Velho), ☎ 98238-4928. Grátis. Até 3/9
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Publicado em VEJA São Paulo de 01 de setembro de 2022, edição nº 2804