Bruce LaBruce é homenageado com prêmio e exposição em São Paulo
"Sempre gostei de explorar os limites entre arte e pornografia", diz o cineasta canadense, que exibe seu novo filme na capital
Bruce LaBruce sem censura, no Museu da Imagem e do Som, traça um panorama da carreira do diretor canadense de 60 anos, conhecido por suas obras transgressoras sobre sexo e sexualidade, que se tornaram emblemáticas na comunidade LGBTQIA+. Pôsteres, cenas de bastidores, press-kits oficiais, trailers, testes de elenco e cenas de filmes mostram a produção de Bruce desde o começo, com seus curtas-metragens experimentais, em uma mostra imersiva e cronológica. O realizador marca presença na inauguração, nesta quinta-feira (14), às 19h.
A mostra se encerra com a instalação The Visitor, baseada em seu novo longa, O Intruso. “É interessante revisitar meu trabalho em oportunidades como essa e ver a progressão – ou digressão”, brinca. “Sempre gostei de explorar os limites entre arte e pornografia. Desde o começo, faço filmes com sexo explícito e, vez ou outra, filmes de orçamento maior que não são tão explícitos sexualmente, e esse é um processo diferente. Já fiz filmes para a indústria pornô e tentei torná-los mais artísticos, ter uma boa fotografia, personagens e um contexto político. Quando faço filmes para o mainstream, tento expandir ao máximo os limites para fazê-los mais provocativos sexualmente. Estou sempre nesse limbo e isso torna tudo interessante.”
A exposição é uma parceria entre o MIS e o 32º Festival MixBrasil, que acontece até o dia 24 na capital paulista, trazendo diferentes manifestações artísticas relacionadas à diversidade. Bruce é o homenageado da edição com o prêmio Ícone Mix.
O MIS exibe O Intruso neste sábado (16), às 18h, seguido de um bate-papo com o cineasta, mediado pelo diretor do MixBrasil, André Fischer. O filme estreou este ano no Festival de Berlim e conta a história de um refugiado que aparece nu dentro de uma mala às margens do rio Tâmisa, em Londres. Ele passa a se envolver com uma família burguesa de classe alta em uma série de encontros sexuais explícitos, virando seu mundo de cabeça para baixo.
“Queria fazer um filme relevante para a geopolítica atual. O protagonista é um refugiado negro que vai a Londres, se infiltra nessa família burguesa e os liberta dessa alienação. É sobre xenofobia, paranoia e a figura ‘do outro’. Também é atual na estética queer. O protagonista é como um revolucionário pansexual”, resume.
Museu da Imagem e do Som. Avenida Europa, 158, Jardim Europa. ☎ 2117-4777. Ter. a sex., 10h/20h. Sáb., 10h/21h. Dom. e feriados, 10h/19h. Grátis. Até 26/1/2025. mis-sp.org.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 15 de novembro de 2024, edição nº 2919.