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Polícia apura se arma foi usada para matar zelador

Investigadores encontraram um revólver sujo de sangue na mochila de Eduardo Tadeu Pinto Martins; ele confessa o crime, mas isenta de culpa a mulher, Ieda Martins

Por Nataly Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 14h24 - Publicado em 3 jun 2014, 10h52
Jezi Lopes de Souza - zelador desaparecido
Jezi Lopes de Souza - zelador desaparecido (Reprodução TV Globo/)
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O publicitário Eduardo Tadeu Pinto Martins, de 47 anos, confirmou para a polícia que possui um revólver guardado em segredo em sua residência. Entretanto, ele falou que não usou a arma para matar o zelador Jezi Lopes de Sousa. A afirmação é do advogado Marcelo Primo Muccio, que representa Martins e a esposa dele, a advogada Ieda Cristina Cardoso da Silva Martins, de 42 anos. Nesta terça-feira (3), investigadores encontraram o revólver com manchas de sangue na mochila de Eduardo. A polícia apura se a arma foi ou não usada no assassinato. 

+ Publicitário confessa ter esquartejado zelador

O crime aconteceu na última sexta-feira (30) na Rua Zanzibar, na Casa Verde, Zona Norte da capital. As câmeras de segurança do elevador do Edifício Oklahoma mostram o zelador chegando ao 11º andar com correspondências na mão por volta das 15h30. Depois disso, ele não é mais visto no prédio.

Segundo o depoimento de Martins à polícia, ele colocava o lixo para fora do apartamento quando se deparou com Jezi abrindo a porta do elevador. Sem motivo aparente, iniciaram uma discussão – os desentendimentos entre os dois eram comuns, sempre por motivos banais, como vaga na garagem e entrega de jornal. O publicitário conta ter empurrado o trabalhador, que bateu a cabeça e morreu. A polícia contesta a versão e acredita que ele pode ter asfixiado o zelador ou mesmo dado uma coronhada – usando a arma encontrada – na cabeça dele. A causa da morte ainda não foi confirmada pela perícia. 

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Idas para Praia Grande

Depois de ter matado e colocado o corpo do zelador dentro da mala, Martins ligou para a esposa no escritório por volta das 17h e disse que estava se sentindo mal. Ela buscou o filho de 11 anos no curso de reforço de matemática, comprou pão e, já no prédio, interfonou para o marido descer e irem ao hospital. Ele alegou que já estava bem, mas que eles precisavam sair para se desfazer de roupas e sapatos que haviam separado para doação em uma igreja. A família planejava trazer o pai de Martins, morador da Praia Grande, no litoral paulista, para viver com eles, por isso precisavam liberar espaço no quarto. 

Ieda aparece nas câmeras de segurança ajudando o marido a colocar uma mala e uma sacola grande no carro – segundo a defesa, ela pensava que estava carregando as roupas, quando, na verdade, a mala tinha o corpo de Jezi. Em um ato pensado, segundo a polícia, a família não chegou a tempo na igreja e não conseguiu fazer a doação. O marido então deixou a mulher com o filho no escritório e foi para Praia Grande, como sempre fazia. Lá, deixou o corpo escondido nos fundos da residência do pai e voltou ao apartamento na Casa Verde.

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Entre sábado (31) e segunda (2), porém, Martins voltaria no mínimo outras três vezes a Praia Grande – uma delas para buscar o pai. Na última, ele foi surpreendido e preso em flagrante pela polícia na segunda-feira tentando queimar em uma churrasqueira partes do corpo já esquartejado da vítima. Ieda foi detida preventivamente em São Paulo. 

Inocência

O advogado do casal, Marcelo Primo Muccio, acredita na inocência de Ieda e entrou com um pedido de revogação da prisão temporária da mulher. Sobre o publicitário, ainda não definiu qual linha de defesa vai seguir. Martins é réu confesso e deve responder por homicídio qualificado, por motivo torpe e com ocultação de cadáver. “Ele deveria ter pedido socorro para salvar a vida do zelador, mas ficou assustado com a situação e decidiu se livrar do corpo”, disse o advogado. 

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O delegado titular do 13º Distrito Policial, Egídio Cobo, afirmou que o publicitário, em seu depoimento, também isentou a mulher. Agora, a polícia reúne provas para acusar Martins por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe e com ocultação de provas (ele limpou a cena do crime) e de cadáver. Já Ieda pode responder por ter sido cúmplice no assassinato. 

Os dois fizeram exames de corpo de delito. Martins foi levado para o 77º DP, em Santa Cecília. Já Ieda foi encaminhada para a carceragem feminina que fica no 89º DP, no Morumbi. Enquanto aguardava, em uma sala temporária no 13º DP, ela ficou em silêncio lendo a Bíblia. 

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Família

Nesta terça-feira (2), o advogado da família e primo do zelador morto, Robson Sousa, disse que Martins costumava causar problemas no condomínio. “Os desentendimentos entre ele (Jezi) e o publicitário eram normais e existem em qualquer condomínio. Mas não existia uma guerra.”

Segundo Robson, a família aguarda a liberação do Instituto Médico Legal (IML) em Santos para enterrar os restos mortais do zelador.

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Caso

Sousa trabalhava havia cinco anos no condomínio. Com a ajuda de amigos e familiares, a supervisora Sheyla Viana de Souza, de 27 anos, procurou o pai no edifício, mas não encontrou. Dessa forma, chamou a polícia. Uma moradora escutou uma discussão por volta das 15h30, mesmo horário do desaparecimento.

Ela informou ainda que um dos moradores do 11º andar não tinha um bom relacionamento com Sousa. Por volta das 17h de sexta, o publicitário e a mulher foram flagrados pelo circuito interno arrastando uma mala e um saco plástico até o carro.

Assim que foi preso, Martins contou para a polícia que colocou o corpo da vítima em uma mala no sábado e seguiu sozinho para a casa do pai em Praia Grande. No litoral, esquartejou Sousa com um serrote no domingo (1) e, na segunda (2), foi preso em flagrante. Ele já tinha queimado na churrasqueira tronco, cabeça e pernas do zelador. Outras partes do corpo estavam em sacos plásticos espalhados pela residência.

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