Wesley Duke Lee ganha retrospectiva
Pinakotheke Cultural exibe 65 trabalhos, além de documentários, imagens, cartas e itens pessoais do artista paulistano
Morto no dia 12 de setembro, aos 78 anos, o paulistano Wesley Duke Lee é tema de uma ampla mostra na galeria Pinakotheke Cultural. Não se trata de homenagem póstuma. O diretor do espaço, Max Perlingeiro, começou a planejar a exposição em 2006. Antes de chegar a São Paulo, ela ficou em cartaz por quase três meses na sede da Pinakotheke, no Rio de Janeiro. Foram reunidos 65 trabalhos raramente exibidos juntos, entre pinturas, desenhos, instalações e objetos oriundos de coleções públicas e particulares. Há ainda documentários, imagens, cartas e itens pessoais cedidos pela família e por amigos. Uma das joias da seleção é o raro making of fotográfico do notável happening realizado pelo artista em 1963 no lendário João Sebastião Bar, na Rua Major Sertório. O fotógrafo Otto Stupakoff fez um filme da performance, que está desaparecido. Um assistente, porém, registrou aquele dia histórico, revelado ao público somente agora.
A carreira de Duke Lee sempre se pautou pela irreverência. No início dos anos 60, ele assinou a hoje cultuada ‘Série das Ligas’, repleta de desenhos eróticos e coloridos rejeitados pelas galerias da época. Em 1966, fundou o Grupo Rex, ao lado de Geraldo de Barros, Nelson Leirner, José Rezende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser — tema de uma das salas da nova Bienal. Chegou ainda a criar peças então chamadas de “ambientes”, que viriam a ser conhecidas como instalações. “A exposição possui um caráter retrospectivo, mas não pretende ser definitiva”, diz Max Perlingeiro. “Queremos celebrar não só o humor e a ousadia de Wesley Duke Lee, mas também seu espírito empreendedor e entusiasmo contagiante.”