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Virada Cultural 2012: veja tudo que rolou

Teatro, shows e a feira gastronômica foram alguns dos destaques

Por Adriano Conter, Bruna Gomes, Catarina Cicarelli, Leonam Bernardo e Sophia Braun
Atualizado em 5 dez 2016, 17h11 - Publicado em 6 Maio 2012, 22h43

Em um período de 24 horas, a oitava edição da Virada Cultural ofereceu à população diversas atrações culturais espalhadas pelo centro da cidade. Shows, filmes, peças teatrais, lutas e apresentações de stand-up agitaram o fim de semana dos paulistanos. Mas, em meio a festa, fatos vergonhosos como a morte de uma garota de 17 anos, troca de tiros e arrastões também se fizeram presentes.

Durante a coletiva deste domingo (6), o coronel Nevoral Alves Bucheroni, subprefeito da Sé, considerou o saldo positivo. “A morte da garota que foi apanhada com 60 gramas de cocaína e os arrastões foram eventos isolados e não atrapalharam o andamento da Virada”, explica. “Na medida do possível conseguimos deixar tudo sob controle”.

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Quanto às confusões do Chefs na Rua, no Minhocão, a organização afirma ter ficado surpresa. Como o local era mais afastado e sem palco, acharam que não haveria problemas por lá. Mas os chefs ganharam ar de atração e a quantidade de pessoas presentes saiu de controle. Para a próxima edição Carlos Augusto Calil, secretário municipal da Cultura de São Paulo, fala em mudanças. “O Minhocão continuará incorporado a Virada, mas aprendemos que a alta gastronomia não é compatível com eventos de massa e, por isso, precisaremos pensar em como mantê-la”.

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SHOWS

No quesito musical, a Virada Cultural deste ano foi das atrações internacionais – apesar de os brasileiros não terem ficado muito atrás. As maiores atenções se dividiram entre três gêneros: rock, jazz e afrobeat. O rock tomava conta do palco São João e de seu vizinho na Barão de Limeira – além de ter artistas mais novos representados na Rua Cásper Líbero, onde havia um espaço comandado pela MTV. O jazz ficou com a República e, apesar de o espaço ser grande, o público em boa parte do tempo mostrou extremo respeito ao ficar em silêncio diante de artistas do gabarito do pianista McCoy Tyner, que já tocou com o renomado saxofonista John Coltrane.

O palco São João, que nas edições anteriores concentrava as principais atrações, perdeu seu título para o da Júlio Prestes, onde foi possível ver a homenagem a gêneros africanos, especialmente o afrobeat. Grande, porém afastado dos demais, ele recebeu nomes como o dos nigeriados Tony Allen e Seun Kuti, este último sendo filho de Fela Kuti, um dos inventores do afrobeat. Mas, mesmo dividido e em espaços menores, o rock conquistou seu espaço com apresentações do nível da do grupo americano Man or Astro-man?. Sem seu equipamento, que foi extraviado pela companhia aérea, eles tiveram alguns problemas com o som, mas nada impediu que a performance fosse memorável para os presentes, com direito a mergulhos na plateia dos quais o vocalista e guitarrista Star Crunch quase não voltou. Apesar de um tumulto inicial, quando o público derrubou a barreira que o separava do palco e tentou invadi-lo, o Suicidal Tendencies também deu um show vigoroso que levou os fãs ao delírio.

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Entre os nacionais, uma das que fez bonito foi a cantora Gretchen  que apesar de recorrer ao playback, deu um show de simpatia e rebolado com direito até a performance no pole dance. Ela fez o pequeno palco Cabaré parecer ainda menor tamanha foi a procura do público. Os Mutantes também encheram o palco São João com um público maior até do que o dos artistas internacionais, de acordo com o organizador José Mauro Gnaspini. Comemorando 30 anos de carreira, os Titãs apresentaram na íntegra o álbum “Cabeça Dinossauro”, de 1986, em um show que já haviam tocado em temporada no Sesc Belenzinho. A apresentação também encheu o palco São João e, apesar de ter uma pegada mais punk, atraiu muitas famílias, que acompanharam com animação as faixas do disco, entre elas “Polícia” e “Bichos Escrotos”. Como não podia deixar de ser, Gilberto Gil também estava entre os destaques. O cantor foi a cereja no bolo da Virada, fechando a programação no palco Júlio Prestes, onde tocou sucessos que fizeram o público cantar e dançar. E, assim como Gretchen, ele mostrou que, aos 69 anos, também é bom de rebolado.


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TEATRO

Palco dos principais espetáculos teatrais da Virada, o Pátio do Colégio recebeu um dos públicos mais comportados (salvo raras exceções) e exigentes do centro da cidade ao longo dos dois dias de evento. Entre uma montagem e outra, alguns atrasos chegaram a receber vaias da plateia — “Os Sete Gatinhos”, por exemplo, programado para entrar às 0h30 do domingo, começou mais de uma hora depois do previsto. A abertura das atividades, no entanto, foi pontual. “No badalar das 18h dos sinos do Colégio”, como bem reparou Denise Fraga antes de começar sua peça, “Sem Pensar”, no sábado. Ao fim da apresentação, a atriz agradeceu, emocionada, ao grande público presente: “Vocês não têm ideia de como é estar do lado de cá e ver toda essa gente, assim, ao ar livre”.

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No meio da madrugada, Clarice Niskier precisou da escolta de dois aquecedores no palco para enfrentar o frio de cerca de 15ºC que fazia na região central. Protagonista do monólogo “A Alma Imoral”, a atriz passou grande parte do espetáculo nua em cena. No fim da tarde do domingo, “R&J de Shakespeare — Juventude Interrompida” cativou um grande público, que seguiu atento para o documentário cênico “Luis Antonio — Gabriela”, encerrando as atividades naquele palco com muitos aplausos de plateia em pé — incluindo, é claro, as dezenas de pessoas que já estavam assim desde o início da apresentação, por falta de lugares para todos sentarem.

GASTRONOMIA

A Virada Gastronômica, que tomou o Minhocão de 0h até as 20h de domingo (6), começou tumultuada. Alex Atala, presença mais aguardada do evento, não compareceu devido a desordem e a falta de segurança. Uma pequena multidão, que se aglomerava ali desde as 19h para tentar uma das 600 porções da cobiçada galinhada de seu restaurante Dalva e Dito, furou os bloqueios da segurança e invadiu a área onde estava montada a barraca. A muvuca também prejudicou a entrada de Erick Jacquin, dono do francês La Brasserie, que aqueceria a madrugada dos baladeiros com sopa de cebola a partir das 2h. Mas o chef e sua equipe só puderam dar início ao serviço por volta das 4h da matina. 

A partir das 8h, entretanto, a feira ganhou outros ares (ainda bem) e o Minhocão se transformou em um verdadeiro mercado de rua gourmet. Gente de todas as idades perambulou entre as vinte barracas montadas sobre o elevado e provou os quitutes de cozinheiros badalados. O hambúrguer de pato com maionese trufada, receita de Renato Carioni, chef do Così, foi o primeiro a acabar, às 13h. Outro lanche disputado foi o buraco quente, preparado por Carlos Ribeiro e sua equipe do Na Cozinha. Por volta de 13h30 foi vendida a última das 2.000 porções do sanduíche de picadinho no pão francês. O estande de Rodrigo Oliveira, no comando dos fogões do nordestino Mocotó, foi um dos mais procurados. O público enfrentou longas filas para saborear dadinhos de tapioca e os caprichados pratos de baião de dois. Foram necessários cerca de 60 kg de arroz, cozido e temperado ali mesmo na barraca. 

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Alguns números da Virada Gastronômica:

– Para preparar as 600 porções de galinhada foram necessários 200 kg de galinha;

– Hugo Nascimento e sua equipe serviram uma média de 4.000 bolinhos de bacalhau;

– Henrique Fogaça usou cerca de 200 peças de copa lombo;

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– Os sushimen do Nakombi enrolaram mais de 500 temakis de salmão;

– Raphael Despirite e o pessoal do Marcel prepararam aproximadamente 2.300 hot-dogs à francesa;

– A barraca de Paula Labaki serviu 2.700 sanduíches;

– A chef Daniela França Pinto precisou buscar mais comida em seu restaurante para atender ao público do fim da tarde;

– Heloisa Bacellar vendeu 3.000 unidades de seu premiado pão de queijo.

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