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Gigante da Zona Sul: conheça o melhor da Vila Mariana

Com o dobro da população de lugares como Pinheiros, o bairro se firmou como um importante polo cultural da cidade

Por Thaís Oliveira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 nov 2017, 15h06 - Publicado em 24 nov 2017, 06h00

Esta imagem foi escolhida pelos leitores de VEJA SÃO PAULO para representar a beleza do bairro. Inspire-se nela e poste também suas fotos usando a hashtag #BelezaVilaMariana

Um lituano bem brasileiro 

Nascido em uma família lituana de origem judia, Lasar Segall radicou-se no Brasil em 1927. Em parte de sua obra, retratou perseguições e sofrimentos de guerra. Por aqui, investiu em trabalhos coloridos e influenciados pela cultura nacional. Após sua morte, em 1957, a viúva, Jenny Klabin, decidiu transformar em museu o lugar onde os dois viveram. O casarão foi projetado pelo arquiteto Gregori Warchavchik e guarda mais de 3 000 itens do acervo do artista, entre obras, fotos, documentos e os móveis que ele mesmo desenhou para a casa. Há também uma intensa agenda de atividades culturais, com oficinas de introdução à xilogravura e gravura em metal. Confira algumas peças abaixo.

A obra “Navio de Imigrantes”, de Lasar Segall (Divulgação/Veja SP)

Abraço (1918), litografia
Cabeça de Negro (1929), xilogravura sobre papel
Emigrantes (1934), bronze
Encontro (1924), óleo sobre tela
Eternos Caminhantes (1919), óleo sobre tela
Mãe Negra entre Casas (1930), aquarela sobre papel
Maternidade (1931), óleo sobre tela
Menino com Lagartixas (1924), óleo sobre tela
Navio de Emigrantes (1939-41), óleo sobre tela

Cine matadouro

Um dos grandes motores do crescimento da Vila Mariana no fim do século XIX, o Matadouro Municipal funcionou entre 1887 e 1927 em um conjunto de galpões de tijolinhos no limite com a Vila Clementino. Setenta anos após a desativação do açougue, o complexo de 24 000 metros quadrados passaria a abrigar um empreendimento bem diferente, ao se tornar a sede da Cinemateca Brasileira.

Fachada do Cinemateca, antigo Matadouro Municipal de São Paulo (Divulgação/Veja SP)

A associação, fundada oficialmente em 1961, enfrentou três incêndios e teve vários endereços provisórios antes de se instalar de vez por ali, em 1997. Os espaços abrigam as áreas administrativas e de documentação e duas salas de cinema. Em uma delas, o piso envidraçado revela um pedaço dos trilhos da estrada por onde passavam os animais a ser abatidos no antigo negócio. Largo Senador Raul Cardoso, 207, ☎ 3512-6111. Seg. a qua., 12h/18h; qui. a dom., 8h/21h.

Zona zen

A Zona Sul de São Paulo reúne templos budistas de diferentes linhagens — há cinco deles apenas nas cercanias da Vila Mariana. Essa concentração remonta aos tempos da II Guerra Mundial, quando os imigrantes japoneses foram pressionados a trocar o centro por áreas então mais afastadas da cidade. À época, os bairros da região foram escolhidos pela boa oferta de transporte público.

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Catedral Nikkyoji, na Vila Mariana (Teo Garcia/Veja SP)

Mais antigo dos templos, o Honpa Hongwanji foi fundado em 1955 e recebe cerca de 100 pessoas, em média, em suas cerimônias. Outra veterana é a Catedral Nikkyoji (foto), dedicada ao budismo primordial. Trazida pelos primeiros imigrantes, a doutrina é a mais praticada do budismo no Brasil.

Outros nomes 

Cortada por uma estrada de ferro, a região era conhecida até o século XIX por nomes como Rancho dos Tropeiros e Cruz das Almas, alusão aos mortos enterrados na beira da via. Há duas versões sobre a mudança: uma a atribui a Carlos Eduardo de Paula Petit, para homenagear sua mulher, Maria, e a mãe, Anna. A outra diz que Alberto Kuhlmann, um dos engenheiros da Estrada Carril de Ferro, quis fazer um agrado à esposa, Mariana Mato Grosso.

Símbolo escolar 

Pátio interno do Colégio Marista Arquidiocesano (Daniela Tonviansky)

Um dos mais tradicionais da cidade, o Colégio Marista Arquidiocesano mudou-se da Luz para o atual terreno na Vila Mariana em 1935, já sob o comando dos irmãos maristas. A mudança foi motivada por dois grandes acontecimentos: em 1918, a antiga sede fez as vezes de hospital provisório durante a epidemia de gripe espanhola que assolou a capital, com 400 leitos. Seis anos mais tarde, na Revolução de 1924, foi invadida por tropas tenentistas e só desocupada depois de um mês.

Repleta de materiais vindos dos Estados Unidos e da Europa durante a crise financeira dos anos 30, a construção em estilo neoclássico de 12 000 metros quadrados só saiu do papel graças à ajuda do engenheiro Álvaro Salles de Oliveira, homenageado em uma placa até hoje fixada na portaria.

Rota turística 

A proximidade com o Parque Ibirapuera, a Avenida Paulista e várias estações de metrô é um dos motivos que ajudam a explicar a grande concentração de hostels na Vila Mariana. São dezessete, mais que o dobro do número existente em outros bairros badalados da cidade, como os Jardins. Em geral mais barato que um hotel, esse tipo de acomodação atrai viajantes do mundo todo.

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The Hostel, que funciona em um casarão construído em 1926 (Divulgação/Veja SP)

Um dos mais famosos por ali é o The Hostel, que ocupa um casarão construído em 1926 — conhecido por moradores vizinhos como Castelinho. Ornamentado com colunas rococós, afrescos e vitrais, o imóvel foi adaptado para acomodar até 83 hóspedes. A diária na suíte master (foto) custa a partir de 225 reais com café da manhã. Rua Domingos de Morais, 775, ☎ 2302-3163.

Estação primeira 

Estação Vila Mariana do Metrô: uma das primeiras a ser entregue (Metrô de São Paulo//Divulgação)

Com capacidade para receber até 20 000 passageiros nos horários de maior movimento, a Estação Vila Mariana do metrô é uma das mais antigas da capital. Abriu as portas em setembro de 1974, durante a apresentação oficial do serviço. A festa para 2 000 pessoas teve confetes, balões, serpentina e distribuição de medalhas aos operários, mas apenas as autoridades puderam passear nos trens naquele dia. A abertura para os cidadãos só ocorreu mesmo algumas semanas mais tarde.

Com 7 quilômetros de extensão e sete paradas, a linha, batizada de Norte-Sul, ligava o bairro ao Jabaquara e funcionava somente das 9h às 13h. A ideia da criação de um sistema de transporte subterrâneo começou a circular por aqui na década de 20, como solução para um ainda incipiente problema de trânsito na capital. Mas só tomou forma em 1968, após o decreto do prefeito José Vicente Faria Lima que criou a Companhia do Metropolitano de São Paulo.

Quartel histórico

Fachada do Centro de Memória do Corpo de Bombeiros (Gladys Russo/Veja SP)

No mais antigo grupamento da Vila Mariana funciona desde 2005 o Centro de Memória do Corpo de Bombeiros. Erguido em 1927 por um engenheiro italiano, o prédio vermelho em estilo art nouveau guarda relíquias dos primeiros anos de existência da corporação. Destacam-se os carros movidos a tração animal, os uniformes de brigadas de vários países e um pequeno submarino para treinamentos utilizado nos anos 80. Há também lembranças de trabalhos marcantes, como o incêndio que destruiu o Edifício Joelma nos anos 70. O local fica aberto de segunda a sábado, e as visitas devem ser agendadas pelo e-mail ccbcentrodememoria@policiamilitar.sp.gov.br. Rua Domingos de Morais, 2329, ☎ 3396-2596.

Rota da moda plus size 

Loja Kauê, uma das casas especializadas em moda plus size no bairro (Rodrigo Dionisio/Frame/Veja SP)

A Rua Domingos de Morais firmou-se como uma das vias mais prolíficas quando o assunto é moda em tamanhos grandes. Já são dez os estabelecimentos que vendem numerações e modelos feitos para quem veste tamanhos que vão do 40 ao 80. Um exemplo é a Kauê (foto), que vai além da numeração usual e se destaca pela variedade de itens. Há desde roupas casuais até vestidos de festa, sem falar na boa seleção de biquínis, maiôs e saídas de praia. Rua Domingos de Morais, 377, ☎ 5572-0436.

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Castelo dos amantes

No distrito da Vila Mariana, a Chácara do Castelo era parte da antiga Fazenda da Glória e ganhou esse nome porque o dono ergueu em suas terras um pequeno castelo no trecho onde hoje fica a Rua Luís Delfino. Diz a lenda que a construção foi pano de fundo para os encontros do imperador dom Pedro I com sua amante Domitila de Castro, a marquesa de Santos. Infelizmente, o imóvel não resistiu ao tempo e cedeu espaço a uma mansão.

Um ícone modernista 

A primeira obra da arquitetura moderna construída em solo brasileiro ocupa um número da modesta Rua Santa Cruz. Inspirado pela intensa industrialização e pela efervescência cultural que marcaram a década de 20, o russo Gregori Warchavchik lançou, em 1925, o primeiro manifesto a propor um novo conceito para a arquitetura moderna. Mas o projeto só saiu do papel três anos mais tarde, com a inauguração da Casa Modernista.

Fachada da primeira casa modernista do Brasil (Sylvia Masini/Veja SP)

Criado para abrigar o arquiteto e sua esposa logo após o casamento, o imóvel chama atenção pelas amplas áreas brancas sem nenhum enfeite. O projeto causou tanto estranhamento na época que Warchavchik teve de apresentar uma fachada decorada para conseguir a autorização da prefeitura — quando a obra acabou, ele alegou não ter dinheiro para completá-la. O local é aberto para visitação, gratuita. Rua Santa Cruz, 325, ☎ 5083-3232. Terça a domingo, 9h/17h.

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